Título: Eurobônus causa impasse na UE
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Fonte: Correio Braziliense, 25/05/2012, Economia, p. 12
Os líderes dos países da Zona do Euro não chegaram a acordo sobre a emissão de bônus, os eurobônus, que poderiam ser utilizados para promover o crescimento do bloco e combater a crise grega, que contamina os mercados com reflexos em todo o mundo. A proposta apresentada pelo presidente francês, François Hollande, não encontrou eco na primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, que um dia antes havia deixado claro ser contra a emissão. O apoio à Hollande do primeiro-ministro da Itália, Mario Conti, foi insuficiente para que o encontro que terminou na madrugada de ontem pudesse resultar em resolução, como era esperado pelo mercado financeiro.
Horas depois, em Berlim, Merkel voltou a criticar,a criação de um bônus comum da Zona do Euro. Ela disse que tal ferramenta "não atacaria as raízes dos problemas enfrentados pelo bloco", mas alertou também que a Alemanha só pode continuar sendo uma economia forte se seus vizinhos europeus mantiverem a demanda pelos produtos alemães.
A criação de um bônus foi proposta por Hollande numa tentativa de estimular o crescimento da região sem abrir mão da responsabilidade fiscal, mas mais atento à agonia dos países da região, que afetam as economias europeias e do resto do mundo. Até porque, disse o formulador de política econômica do Banco Central Europeu (BCE), Ewald Nowotny, "qualquer forma de saída da Grécia da Zona do Euro seria um transtorno enorme com consequências imprevisíveis". Nowotny foi enfático ao afirmar que se isso ocorrer haverá "choques enormes, massivos". O Citicorp, porém, está convencido e divulgou boletim ao mercado que a Grécia deve desembarcar da Zona do Euro até janeiro de 2013.
Não estão descartadas novas rodadas de negociações entre os líderes, mas, sem nada a anunciar, a reunião deixou no ar que os países, assim como os mercados, se voltam agora para a expectativa em torno do pleito em 17 de junho, quando a Grécia irá decidir pela permanência ou não na Zona do Euro.
Bolsas Já a queda dos papéis de importantes empresas europeias levou os investidores a efetuar compras e as bolsas acabaram por fechar com leve alta. O crescimento, ainda que modesto, de 0,5% da economia alemã no primeiro trimestre, também foi motivo de alento e confirmou uma recuperação das exportações . Por isso, Merkel tratou de pedir aos europeus que comprem produtos do país. Já Hollande iniciou nova cruzada em defesa dos eurobônus, procurando apoio de chefes de Estado. Em entrevista, em Roma, o primeiro-ministro italiano, Mario Conti, disse que os bônus podem assegurar maior tranquilidade e crescimento na região. Merkel não acredita.
» A força da esquerda
O partido de esquerda Syriza, que é contra o resgate internacional à Grécia, manteve a liderança nas pesquisas para as eleições gregas em 17 de junho, consideradas essenciais para a permanência do país na Zona do Euro, mostrou uma sondagem da Public Issue/Skai TV. Ela aponta que o Syriza lidera com 30%, quatro pontos à frente do conservador Nova Democracia, que apoia o pacote de ajuda internacional. Em pesquisa anterior da mesma empresa, o Syriza liderava com 28%, enquanto o Nova Democracia aparecia com 24%.