Título: Merkel na berlinda
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Fonte: Correio Braziliense, 28/05/2012, Economia, p. 8

Um importante dirigente aliado da primeira-ministra alemã, Angela Merkel, fez ontem um apelo aos partidos social-democrata (SPD) e Verde, de oposição, para que se abstenham de fazer "jogos políticos" e apoiem o governo no endosso do novo pacto fiscal europeu e um fundo permanente de resgate. O SPD e os Verdes são aliados e vêm defendendo a mesma causa do novo presidente francês, o socialista François Hollande, e de alguns outros líderes europeus, como o primeiro-ministro italiano, Mario Monti, de que o pacto deve ser acompanhado de novas medidas para promover o crescimento e o investimento na Europa.

Como os aliados de Merkel começam a ser derrotados nas urnas em eleições regionais, estão instigando os partidos de oposição a dar apoio ao atual gabinete temendo novas derrotas de Merkel. Hermann Groehe, do Partido Democrata-Cristão (CDU) de Merkel, declarou em uma entrevista de rádio ontem que é importante que a Alemanha envie a toda a Europa um sinal de que está plenamente comprometida com o Mecanismo Europeu de Estabilidade.

Merkel precisa do apoio do SPD nas duas casas do Parlamento para conseguir a ratificação do pacto fiscal a ser definido pelos líderes europeus, o qual vai impor duras normas orçamentárias. Caso contrário, sua posição em defesa da austeridade ficará esvaziada. Considerado peça central das diretrizes da Europa para superar a crise da dívida e recuperar a confiança dos mercados, o pacto fiscal requer aprovação de maioria de dois terços porque afeta a Constituição e a soberania nacional.

"Seria bom se nós na Alemanha, como âncoras da estabilidade na Europa, enviássemos um sinal de que estabilidade e solidariedade caminham juntas", disse Groeth. O apelo do aliado de Merkel não tem encontrado eco nas urnas nem nas ruas, onde manifestantes reclamam da falta de solidariedade alemã em relação aos parceiros da Zona do Euro e endossam o desejo de Hollande de estimular o crescimento e o emprego.

China em marcha lenta

Os lucros combinados de indústrias da China caíram 1,6% nos primeiros quatro meses de 2012, na comparação com o mesmo período de 2011, para 1,45 trilhão de yuans (US$ 228,6 bilhões), informou ontem o Escritório Nacional de Estatísticas. A queda ocorre após uma baixa de 1,3% nos três primeiros meses do ano, em linha com uma expansão econômica mais lenta. O crescimento da China está pressionado num momento em que as exportações se desaceleram e a demanda interna luta para se recuperar, em parte devido à política de Pequim de conter o mercado imobiliário.