O Estado de São Paulo, n. 45637, 29/09/2018. Política, p. A10

 

Bolsonaro diz que não aceita derrota como resultado

Constança Rezende

29/09/2018

 

 

Eleições 2018 Candidatura / Questionado se militares acatariam qualquer desfecho na eleição, candidato do PSL afirma que não pode falar por comandantes

NACHO DOCE / REUTERS

Campanha. Frequentadores de bar paulistano veem entrevista de candidato do PSL feita em hospital; ‘vice não apita nada, mas atrapalha muito’, disse

 

O presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) afirmou, ontem, que não aceitará um resultado das eleições que não seja o de vitória dele. A declaração foi dada após o jornalista José Luis Datena, da Band, perguntar qual seria a reação das instituições militares em caso de vitória do candidato do PT, Fernando Haddad.

“Sobre as instituições militares aceitarem o resultado, eu não posso falar pelos comandantes militares. Eu, pelo que eu vejo nas ruas, eu não aceito resultado das eleições diferente da minha eleição. Isso é um ponto de vista fechado”, disse o presidenciável em seu quarto no Hospital Israelita Albert Einstein. Bolsonaro receberá alta neste fim de semana.

Questionado se esta opinião não seria antidemocrática, Bolsonaro negou e criticou os métodos utilizados nas eleições brasileiras. “É um sistema eleitoral que não existe em nenhum outro lugar do mundo. Eu apresentei um antídoto pra isso, mas a senhora Raquel Dodge (procuradora-geral da República) questionou o argumento”, disse.

Vice. O presidenciável também comentou as falas do general Hamilton Mourão, o vice de sua chapa, que criticou o 13.º salário em uma palestra. Bolsonaro disse que já havia advertido Mourão a evitar falar em público para evitar “dor de cabeça”, mas que na terceira chamada teve que subir o tom.

“Na terceira vez, falei: com todo respeito general, daqui pra frente, até as eleições, o senhor não fala mais nada”, disse. Bolsonaro afirmou também que faltou “malícia” de Mourão no trato com a imprensa. “Um vice geralmente não apita nada, mas atrapalha muito”, acrescentou.

Ele disse também que, por recomendações médicas, não poderá sair de casa até o dia 10, mas que vai aproveitar o momento para “estar mais ativo nas redes sociais”. Ele disse estar, numa escala de 0 a 10, com o estado de saúde número 8. “Estou me sentindo bem, com gás”.

Depois deste prazo, Bolsonaro disse que não pretende ficar exposto ao público, não para evitar uma segunda agressão, mas com medo, por exemplo, “de um abraço de um fã”.

Bolsonaro também falou sobre o divórcio entre ele e sua ex-mulher. Bolsonaro defendeu-se de reportagem publicada pela revista Veja que detalha o processo de divórcio entre o candidato e sua segunda ex-mulher, Ana Cristina Valle. No documento, ela o acusa de ter gastos incompatíveis com a renda de parlamentar e, até mesmo, de ter roubado dinheiro e joias de um cofre que mantinha num banco.

O presidenciável disse que o processo do divórcio “deu um probleminha ali”, mas que nada do relatado pela revista aconteceu. “Em uma separação, é comum ter problema, é litigiosa. As cotoveladas acontecem de ambas as partes. Ali, tem a partilha de bens, tem a guarda do filho. A própria excompanheira minha disse claramente que, de sangue quente, fala-se de coisas que não existem”, disse.