Título: CPI quer quebrar sigilo da Delta
Autor: de Tarso Lyra, Paulo; Valadares, João
Fonte: Correio Braziliense, 29/05/2012, Política, p. 6

A CPI do Cachoeira deve quebrar hoje o sigilo fiscal e bancário da Delta Nacional. Apesar da pressão de setores do PT, que consideram mais prudente restringir, por enquanto, as investigações à Delta Centro-Oeste, integrantes da Comissão ouvidos pelo Correio declararam que não existem mais condições políticas para blindar a investigação da sede da construtora, no Rio de Janeiro, sob o risco de aumentar ainda mais o descrédito na CPI. Ainda assim, sob protestos de alguns governistas, como o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP): "Essa não é a CPI das empreiteiras".

Há uma controvérsia se a reunião de hoje também analisará a quebra do sigilo dos governadores Marconi Perillo (PSDB-GO), Sérgio Cabral (PMDB-RJ) e Agnelo Queiroz (PT-DF). Integrantes da comissão acreditam que a presença dos governadores no Congresso poderá ser apreciada em outro momento, já que o debate sobre a Delta deve tomar todo o tempo da sessão. Os petistas que temem a ampliação da quebra de sigilo receiam o envolvimento de outros atores no processo, como instituições financeiras que tiveram contato com a construtora Delta.

Mas PT e PSDB pensam diferente. Ambos, por razões distintas, pressionam pela convocação de Marconi Perillo. Os petistas se reuniram na noite de ontem e pretendiam discutir o assunto também com líderes do PMDB. Já o PSDB estuda expor os acordos firmados pelos governistas para proteger seus governadores. "Amanhã (hoje), o Brasil vai conhecer o que essa maioria que eles têm na CPI quer. Vão ter que mostrar a cara ao Brasil", disse o líder do PSDB na Câmara, deputado Bruno Araújo (PE).

Arquivos Os primeiros documentos com a quebra dos sigilos bancários do bicheiro Carlinhos Cachoeira começaram a ser analisados pelos parlamentares. Foram encaminhados quatro arquivos, dos quais três estavam vazios. "O arquivo válido já foi encaminhado para o Prodasen (serviço de informática do Senado Federal) para que ele organize os dados e disponibilize o acesso aos parlamentares", disse o presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB).

A CPI também recebeu informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que analisa movimentações financeiras acima de R$ 100 mil. Segundo apurou o Correio, o Coaf detectou movimentações atípicas feitas pelo próprio Cachoeira e pelo araponga Idalberto Matias Araújo, o Dadá, além do ex-diretor da Delta no Centro-Oeste Cláudio Abreu e a empresa Vitapan Indústria Farmacêutica.