Título: PSB e PT negociam Recife
Autor: de Tarso Lyra, Paulo; Valadares, João
Fonte: Correio Braziliense, 30/05/2012, Política, p. 6

A escolha do senador Humberto Costa (PT-PE) como provável candidato do PT à prefeitura de Recife deve precipitar o apoio do PSB ao candidato petista à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad. Petistas e socialistas se reuniram ontem à noite em São Paulo para fechar os termos das alianças. O partido do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, quer cobrar do PT a convicção de queHumberto Costa terá o apoio da militância. Se receber essa certeza, a cúpula do PSB levará ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, até o fim desta semana, a confirmação de que estará ao lado de Haddad em outubro.

Segundo apurou o Correio, faltavam poucos detalhes para que Humberto Costa fosse sacramentado candidato.O nome dele foi sugerido em uma reunião em São Paulo, ao longo do dia de ontem, como alternativa ao impasse gerado após as prévias realizadas no último dia 20, vencidas pelo atual prefeito de Recife, João da Costa. Partidários de Humberto Costa e do candidato derrotado, Maurício Rands—secretário de governo de Eduardo Campos —, recorreram da decisão, reclamando de fraudes no processo de escolha. O diretório nacional do PT teve que intervir, cancelou a disputa e marcou uma nova prévia para junho. Como eleger Rands seria um péssimo sinal para a militância—51,9% dos petistas votaram em João da Costa— decidiu-se por apresentar o senador como opção. “Ainda preciso conversar com Recife”, desconversou Humberto Costa.

O PSB aguarda ansiosamente o desfecho. Interessa ao partido uma candidatura viável à prefeitura de Recife. A dois anos do término do mandato como governador e empenhado até a medula para fazer um sucessor,—provavelmente o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho—Eduardo Campos não pensa na possibilidade de perder a prefeitura da capital pernambucana para a oposição. “Recife é fundamental para os futuros planos políticos de Campos”, disse um integrante da direção do PSB.

São Paulo Consolidada a parceria, o PSB oferecerá ao PT o que o partido mais quer: o anúncio de uma aliança de peso antes do encontro preparado para Fernando Haddad, no próximo sábado, em SãoPaulo. Os petistas estão preocupados com a baixa mobilidade do seu candidato, estacionado nos 3% de intenção de voto. E sofrem quando veem a pré-candidatura de José Serra (PSDB) praticamente assegurando o apoio de PP e PR—DEM e PSD já confirmaram presença no palanque tucano. “Nosso apoio ao Serra é incondicional, não depende de uma indicação para vice”, disse o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.

Até o momento, o apoio mais próximo a Haddad era do PCdoB. Integrantes do comando da campanha confirmaram que as conversas com Netinho de Paula, pré-candidato à prefeitura paulistana, estavam adiantadas. A direção nacional do PCdoB já havia deixado a decisão nas mãos do vereador, sem atrelar a aliança ao apoio do PT à Manuela D’Ávila para a prefeitura de Porto Alegre.