Título: Dilma de olho na Espanha
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 30/05/2012, Economia, p. 13

O governo brasileiro está preocupado com a piora da crise na Europa, sobretudo com a situação na Espanha, um dos países que tradicionalmente mais investe no Brasil. Dados do Banco Central acenderam o alerta no Palácio do Planalto quanto ao tamanho do enrosco em que se encontram os espanhóis. No acumulado de janeiro a abril, o ingresso de Investimentos Estrangeiros Diretos (IED), recursos destinados ao setor produtivo, chegaram a apenas US$ 739 milhões— montante 84,27% menor que o registrado em igual período do ano passado. O receio é de que esse número piore ainda mais e que as empresas espanholas instaladas no país tenham de promover arrochos para garantir a sobrevivência de suas matrizes na Europa.

A presidente Dilma Rousseff e a equipe econômica também acompanham com lupa a situação dos bancos europeus, omedo é que o recrudescimento da crise leve à quebra de alguma instituição e que isso contamine o Santander, que no Brasil é o quinto maior em funcionamento. Nos bastidores, a equipe econômica avalia inclusive a possibilidade, a despeito do Banco do Brasil negar, de o banco público vir a tornar- se sócio do espanhol em caso de necessidade, como forma de evitar uma operação de resgate mais danosa aos cofres públicos sehouvesse a necessidade.O Santander Brasil, porém, continua bem avaliado pelo mercado e é considerado solvente, sobretudo porque suas captações de recursos têm como origem principal os consumidores brasileiros.

Na segunda-feira a presidente Dilma vai se encontrar, no Brasil, com o rei Juan Carlos, em reunião que terá como tema principal os investimentos espanhóis no Brasil. O monarca também deve pedir alguma ajuda à presidente brasileira. O encontro ocorre alguns dias após a piora da crise na Espanha e da saída do presidente do Banco Central do país, Miguel Fernandéz Ordóñes, que ontem renunciou ao posto após mais de 5 anos no cargo. Para transmitir tranquilidade ao mercado, o primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, afirmou que o país não precisará de ajuda externa para o resgate capaz de salvaguardar o setor bancário. As agências de risco, porém, têm reduzido as apostas nos papéis dos bancos e nos títulos soberanos daquele país.