Título: Recuo na caderneta
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 31/05/2012, Economia, p. 16

Com a redução da taxa básica da economia (Selic) de 9% para 8,5% ao ano, o poupador, pela primeira vez, verá a tradicional caderneta render menos. Pelas novas regras, em vigor desde 4 de maio, a poupança pagará, pelo menos até a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em 3 e 4 de julho, 0,48% ao mês mais a Taxa Referencial (TR). Até então, o brasileiro estava acostumado a um retorno um pouco maior, de 0,50% mensais.

As regras mandam que, quando a Selic atingir um nível inferior a 9% ao ano, a poupança pague o equivalente a 70% dos juros básicos mais a TR. Quando ela estiver em 9% ou mais, valem as normas antigas — 0,5% ao mês mais a TR. Na ponta do lápis, quem fez um depósito de R$ 1 mil até ontem terá garantido pelo próximo mês os R$ 5 de retorno tradicionais mais a variação da TR, como na regra antiga. Porém, a partir do aniversário da aplicação, em 30 de junho, o rendimento mensal para esse valor cairá para R$ 4,80. Para os depósitos feitos a partir de hoje, a rentabilidade também será essa.

Especialistas em finanças avaliam que, mesmo rendendo menos, a poupança ainda é uma boa opção para quem pretende ficar com o dinheiro parado por pouco tempo, sobretudo porque, diferentemente das outras modalidades de investimento, a caderneta não paga Imposto de Renda. Os fundos de renda fixa, nesse cenário, só valem a penas se tiverem taxa de administração de, no máximo, 1% ao ano. "Se o cliente não encontrar essa modalidade no banco, pode procurar em corretoras, que têm opções com taxas inferiores a essa", observou Felipe Chad, sócio-diretor da DX Investimentos.

Segundo Chad, uma boa opção está nos títulos do Tesouro Nacional, que podem ser adquiridos com aportes a partir de R$ 100. Ele sugere os papéis classificados como NTN-B, que pagam a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais algum valor a título de juros. "Se o cliente optar por um plano de previdência, tem de pensar em um investimento de longo prazo para que o retorno do valor aplicado supere os custos de administração e de impostos", ensinou. A depender do plano escolhido, o capital teria de ficar aplicado por ao menos 10 anos para que os impostos não corroessem o lucro.