Título: Bancos reduzem juros do crédito
Autor: Mainenti, Mariana; Cristino, Vânia
Fonte: Correio Braziliense, 01/06/2012, Economia, p. 12

Corte na Selic leva instituições financeiras a diminuir as taxas cobradas nos empréstimos a empresas e pessoas físicas

O Bradesco, a Caixa e o BRB reagiram à queda de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros da economia (Selic), decidida na última quarta-feira pelo Comitê de Política Monetária (Copom), e anunciaram ontem reduções no valor cobrado dos clientes nas operações de crédito, tanto para as pessoas físicas como para as empresas. O Santander informou que repassará a queda a partir de hoje.

“Fomos o primeiro banco a começar a reduzir os juros, ainda em março, e agora temos uma das melhores taxas do mercado no crédito consignado”, afirmou o diretor financeiro do BRB, Francisco Cláudio Duda. Os juros mínimos cobrados pelo banco na modalidade estavam em 1,5% ao mês no ano passado, caíram a 0,89% em março e passarão hoje para 0,74%. Segundo Duda, ainda há espaço para que as instituições financeiras continuem promovendo reduções, na medida em que o Copom prossiga com os cortes na Selic. “Mas essas quedas serão cada vez mais seletivas: os bancos terão de escolher os segmentos de sua carteira em que serão mais agressivos, para defender sua fatia de mercado”, analisou.

No Bradesco, as reduções valem a partir da próxima segunda-feira. Para pessoas físicas, a taxa mínima do crédito pessoal foi reduzida de 1,97% para 1,93% ao mês. No crédito direto para a compra de veículos, a mínima caiu de 0,97% para 0,93% ao mês e a máxima, de 2,95% para 2,91%. Na Caixa, os empréstimos consignados para funcionários públicos e empregados de empresas que possuem convênio com o banco tiveram redução da taxa máxima de 1,95% para 1,67% ao mês. Para os aposentados e pensionistas do INSS, a máxima foi reduzida de 1,77% para 1,67%, sendo a mínima de 0,75%.

Poupança Com a redução para 8,5%, a Taxa Selic atingiu o menor patamar, desde que foi criada, nos anos 1990. A decisão, tomada de forma unânime pelos integrantes do Copom, tomou por base no cenário de fragilidade da economia global, que, segundo o Banco Central, permite que os juros continuem a ser reduzidos sem o risco de aumento de pressões inflacionárias. A queda também contribui para estimular a economia doméstica, que deve apresentar neste ano crescimento bem inferior à meta de 4,5% inicialmente fixada pelo governo. Hoje, o IBGE divulgará o resultado do Produto Interno Bruto (soma do valor da produção) no primeiro trimestre.

Com a baixa da Selic, começou a valer também a nova regra para determinar o rendimento das cadernetas de poupança. De acordo com medida provisória baixada no início de maio, sempre que a taxa básica ficar igual ou abaixo de 8,5%, as cadernetas terão rendimento mensal equivalente a 70% da Selic (0,48% a partir de ontem) mais a Taxa Referencial (TR). Se os juros básicos retornarem a um nível de 8,5% ou mais, voltará a regra antiga, e a poupança terá rendimento de 0,5% ao mês mais TR, cálculo que vale, de qualquer forma, para os depósitos feitos antes da mudança.

"Essas quedas serão cada vez mais seletivas: os bancos terão de escolher os segmentos de sua carteira em que serão mais agressivos, para defender sua fatia de mercado” Francisco Cláudio Duda, diretor financeiro do BRB