Título: Duas firmas, um endereço
Autor: Rothembug, Denise; Jerônimo, Josie
Fonte: Correio Braziliense, 03/06/2012, Política, p. 2

Na última quarta-feira, enquanto a CPI do Cachoeira estava em plena atividade no Congresso, o Correio foi até o Polo de Modas do Guará II para visitar a sede das empresas M e M Plásticos e Plastilider, que, juntas, receberam R$ 483 mil do Deltaduto. Apesar de terem dois CNPJs diferentes, as empresas estão localizadas no mesmo endereço, uma sala de aproximadamente 60 metros quadrados, sem mobília nem placa de identificação, em um imóvel predominantemente ocupado por pequenos apartamentos residenciais. Um homem que se apresentou como funcionário da empresa assistia à sessão da CPI em um computador portátil quando a equipe do Correio chegou.

Em seguida, uma mulher que se identificou como Célia, casada com Matheus Paiva Monteiro, proprietário da empresa, afirmou que recebeu recursos da Delta como pagamento de um imóvel vendido por intermédio de Gleyb Ferreira da Cruz, operador de Cachoeira. “O Gleyb foi o corretor, ele tinha uma procuração. Nós vendemos um terreno e recebemos pela venda de um imóvel dessa maneira.” O suposto imóvel seria a Fazenda Gama, no Distrito Federal, registrada em nome de Monteiro.

Já no endereço da sede da Brava Construções, no Núcleo Bandeirante, funciona uma oficina mecânica, há quatro anos. Os proprietários da oficina estranham o assédio que têm sofrido desde que a construtora entrou na mira das investigações da CPI do Cachoeira — a Brava recebeu R$ 13 milhões da Delta — e nunca ouviram falar em Brava.

As inconsistências financeiras da empreiteira que era uma das principais parceiras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) fizeram com que a CPI conseguisse aprovar requerimento de quebra de sigilo da Delta. De acordo com o deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF), integrante da CPI, as fraudes na constituição das empresas retiram da Delta argumentos para tentar impedir a quebra do sigilo recorrendo ao Supremo Tribunal Federal. “Essa questão das empresas precisa ser esclarecida”, afirma Pitiman. (DR e JJ)