O globo, n. 31084, 14/09/2018. Editoriais, p. 2

 

Furacão e tufão reforçam alertas sobre efeitos do aquecimento global

14/09/2018

 

 

O litoral do estado americano da Carolina Norte sofria ontem os primeiros efeitos da chegada do furacão Florence, previsto para a madrugada de hoje, com chuvas e marés que podem causar inundações de até quatro metros em algumas localidades, ventos de até 170 quilômetros por hora e mais de mil milímetros de precipitação.

Segundo meteorologistas, a massa de nuvens do furacão equivale ao tamanho conjunto dos estados das Carolinas do Sul e do Norte. Os residentes dessas áreas estão sob ordem de evacuação e têm apenas algumas horas para deixar esses locais em segurança, informaram as autoridades ontem pela manhã.

Na Ásia, o supertufão Mangkhut alcançou seu ápice na quarta-feira, com ventos de 285 quilômetros por hora, o equivalente à categoria 5 aplicada aos maiores furacões, colocando em risco cerca de quatro milhões de pessoas de vários países da região. No caminho do ciclone estão Hong Kong, Macau, Filipinas e o Sul da China continental.

O tamanho fora do comum, a área a ser atingida no caminho de Florence —mais ao norte da rota costumeira do corredor de furacões— e aforça destruidora d oM angkhutre iteram a urgência dos alertas de cientistas sobre os impactos das mudanças climáticas. O aumento da temperatura dos oceanos eleva aforçados ciclones.

Além do potencial catastrófico, tais fenômenos estão relacionados e vêm ocorrendo com frequência crescente, como alertaram os especialistas durante a COP-21, em 2015. A conferência do clima resultou no Acordo de Paris, um esforço inédito assinado por 195 nações, que se comprometeram a conter o aumento da temperatura da Terra, neste século, a 2 graus centígrados acima dos níveis pré-industriais.

Mas, em 2016, aeleiçã ode Donald Trump — cético quanto à influência humana no aquecimento global, e um convicto avesso a iniciativas multilaterais — levou os EUA, país com maior emissão de CO 2 na atmosfera, a abandonaremo Acordo de Paris. Além disso, o presidente americano enfraqueceu as agências reguladoras e desmontouinúmeras políticas ambientais. Um enorme retrocesso.

Desde então, fenômenos climáticos, como a circulação de ventos e a temperatura dos oceanos, vêm ocorrendo de forma errática. Daí decorrem incêndios como os que devastaram da Califórnia ao Texas; as chuvas torrenciais acima da média na Costa Leste; e a profusão de tornados, para ficarmos no exemplo americano. Mas também a canícula nos verões europeu e asiático.

Como alertam os climatologistas, a mudança da tempratura é lenta inicalmente, mas, de repente, se torna abrupta.