O Estado de São Paulo, n. 45621, 13/09/2018. Política, p. A8

 

Ciro diz que, em seu governo, Villas Bôas seria preso

Roberta Pennafort 

13/09/2018

 

 

Eleições 2018 Candidatos / Para candidato do PDT, comandante do Exército tenta calar ‘cadelas no cio’ e general Mourão, vice de Bolsonaro, é ‘jumento de carga’

O candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, disse ontem que, se já fosse presidente, o general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, teria sido demitido por suas declarações sobre a instabilidade política no Brasil e “provavelmente pegaria uma cana”.

“No meu governo, militar não fala em política. Eu conheço bem o general Villas Bôas. Ele está fazendo isso para tentar calar as vozes das cadelas no cio que estão se animando, o lado fascista da sociedade brasileira”, disse Ciro, em sabatina promovida pelo jornal O Globo.

Em entrevista ao Estado, publicada após o ataque à faca sofrido pelo candidato do PSL, Jair Bolsonaro, o comandante do Exército falou de seu temor sobre os efeitos, na governabilidade do próximo presidente, da polarização na sociedade brasileira. Disse também que “a legitimidade do novo governo pode até ser questionada”.

Procurado, o comandante do Exército não comentou as declarações do candidato do PDT.

Na sabatina, Ciro também chamou o vice de Bolsonaro, general Hamilton Mourão (PRTB), de “jumento de carga” com “entrada no Exército”, e afirmou que os eleitores do candidato do PSL ao Planalto querem “matar o Brasil”.

“Quem manda nesse país é nosso povo. Tutela, sargentão dizendo que vai fazer isso e aquilo, comigo não acontecerá. Sob a ordem da Constituição, eu mando e eles obedecem”, afirmou o pedetista. “Quero as Força Armadas poderosas, modernas, altivas. Não quero envolvidas no enfrentamento do narcotráfico, isso é papo de americano.” Em viagem ao Paraná, Mourão afirmou que o caso se tornou uma “baixaria”.

Ciro ainda declarou que sai da política caso Bolsonaro se eleja. “(Se Bolsonaro ganhar ) Eu vou desejar boa sorte a ele, cumprimentá-lo pelo privilégio e depois eu vou chorar com a minha mãe. Seria uma tragédia para a família brasileira”, disse. “Eu encerro minha vida pública. Se esse povo a quem eu dei a minha vida optar pelo Bolsonaro, significa que eu não represento mais nada”, afirmou o candidato.

PT. Para Ciro, o posicionamento de Luiz Inácio Lula da Silva, condenado na Operação Lava Jato, com relação à definição da candidatura petista deve ser relativizado pelo fato de o ex-presidente estar preso. “O Lula a gente tem que relativizar, ele está isolado, é muito doído. Somos amigos, já brigamos, eu o apoiei em todos os momentos dos últimos 16 anos, abri mão de ser candidato (a presidente). Agora, o Lula perdeu os grandes amigos. Hoje, está cercado de puxa-saco, perdeu a percepção genial da realidade. Se não estivesse, ele não estaria permitindo tantos desatinos”, disse o candidato.

Depois da sabatina, Ciro fez uma caminhada com apoiadores pelas ruas do Saara, centro de comércio popular do Rio, e fez discurso sobre seu projeto “Nome Limpo”, com o qual propõe tirar 63 milhões de pessoas do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). Ele disse também que é o melhor nome para trabalhar ela recuperação do Estado do Rio e para unir o Brasil.

 

Crítica

“No meu governo, militar não fala em política. Eu conheço bem o general Villas Bôas. Ele está fazendo isso para tentar calar o lado fascista da sociedade.”

Ciro Gomes, CANDIDATO DO PDT