Título: Inflação de maio fica em 0,36%
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 07/06/2012, Economia, p. 11

Com o ritmo lento da economia, a inflação deu uma trégua para o bolso do consumidor e tem facilitado a missão do Banco Central este ano. Ontem, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) surpreendeu o mercado ao registrar avanço de apenas 0,36% em maio, número abaixo das expectativas. Em 12 meses, a taxa acumulada ficou em 4,99% — o menor percentual desde setembro de 2010, quando a carestia havia alcançado 4,70%. Os dados comprovam que a estratégia do BC de ter iniciado o ciclo de cortes nos juros básicos (Selic) ainda em agosto do ano passado foi acertada. A expectativa é que a autoridade monetária derrube a taxa em mais 0,50 ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em 3 e 4 de julho.

O fraco desempenho do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas), que cresceu somente 0,2% no primeiro trimestre, conseguiu fazer ainda o que o BC desejava, mas tinha dificuldade de conseguir: frear os preços dos serviços. Pelos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), enquanto em abril o segmento registrou alta de 0,77%, em maio o avanço se limitou a 0,21%. No acumulado de 12 meses, a elevação ficou em 7,59%, contra 7,99% no mês anterior. "O principal destaque foram as passagens aéreas", observou José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do banco Fator. Em maio, elas ficaram 10,83% mais baratas.

As despesas pessoais também perderam fôlego, passando de uma alta de 2,23% em abril — o maior resultado já registrado nesse mês — para 0,60% em maio. "Esse recuo nos serviços sem dúvida é reflexo de uma atividade doméstica mais fraca, mas não podemos esperar uma desaceleração longa; no segundo semestre, com a economia mais forte, esses preços devem se manter em patamar elevado", ponderou Newton Rosa, economista-chefe da gestora de recursos Sul América Investimentos. "O resultado do IPCA veio abaixo do esperado, mas não justifica revisão importante das projeções para os próximos meses", avaliou Elson Teles, economista do Itaú Unibanco. Mesmo com os números divulgados ontem, os analistas ainda não revisaram as previsões para o ano. A maioria ainda aposta que o IPCA ficará ao redor de 5%.

Feijão A despeito da melhora no custo de vida, alguns itens ainda castigam o orçamento do brasileiro, como o feijão carioca, que acumula 78,50% de alta nos últimos 12 meses. "É resultado da quebra da safra no Nordeste por causa da seca", explicou Rosa. Outros produtos também mostram elevações pesadas: o café moído subiu 22,10%; a cerveja fora de casa, 9,05%; a cebola, 13,74%; e o frango, 6,25%. Nos cálculos do economista do banco Fator, o número de produtos em alta cresceu: 63,6% dos preços registraram alguma elevação. Em abril, o percentual havia sido de 57,3%.

INPC O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação das famílias de baixa renda, também recuou em maio, mas bem menos que o indicador oficial. A taxa passou de 0,64% em abril para 0,55% no mês passado. A taxa só não foi menor devido aos preços dos alimentos que subiram por causa da seca no Nordeste.

O TOMBO DO DRAGÃO

Principal índice de preços do país perde fôlego

Produtos Queda em maio (Em %) Mamão 13,55 Passagem aérea 10,85 Motel 6,72 Excursão 4,81 Pescada 4,41 Limão 3,96 Telefone fixo 1,40 Automóvel usado 40 Etanol 1,34 Café solúvel 1,13

IPCA acumulado em 12 meses (Em %) Jun/11 6,71 Jul/11 6,87 Ago/11 7,23 Set/11 ,31 Out/11 6,97 Nov/11 6,64 Dez/11 6,50 Jan/12 6,22 Fev/12 5,85 Mar/12 5,24 Abr/12 ,10 Mai/12 4,99 Fonte: IBGE