O Estado de São Paulo, n. 45615, 07/09/2018. Política, p. A4

 

Bolsonaro é esfaqueado, passa por cirurgia e está na UTI

07/09/2018

 

 

 

 Recorte capturado

 

 

Eleições 2018 Violência / Atentado. Candidato do PSL é operado e internado na UTI; médicos dizem que estado de saúde é “grave, mas estável”; para analistas, episódio pode mudar os rumos da eleição

O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, foi esfaqueado na tarde de ontem quando participava de uma agenda de campanha em Juiz de Fora (MG). Líder nas pesquisas de intenção de votos, Bolsonaro era carregado na região central da cidade quando foi golpeado na altura do abdome por seu agressor, identificado como Adelio Bispo de Oliveira, de 40 anos, que foi preso. O presidenciável sofreu o atentado por volta das 15h40. Após ser socorrido, ele deu entrada na Santa Casa do município e foi submetido a uma cirurgia. Segundo os médicos, seu quadro de saúde era “grave, mas estável”. O candidato sofreu um único golpe de faca que perfurou em três partes o intestino delgado, provocando traumatismo abdominal e hemorragia interna.

O fato deixou mais imprevisível a eleição, acrescentando nova variável na disputa pelo Planalto, segundo analistas ouvidos pelo Estado. O atentado seria capaz de mudar os rumos da corrida eleitoral restando menos de um mês para o primeiro turno. Ontem mesmo, algumas campanhas começaram a rever estratégias, entre elas a tática de ataques ao candidato do PSL. A expectativa atual é sobre a força do tempo de TV no horário eleitoral e a capacidade de transferência de votos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cuja candidatura pelo PT foi barrada no Tribunal Superior Eleitoral. A dúvida, agora, passa a ser quanto ao tempo de recuperação física de Bolsonaro. Conforme a equipe médica, o tempo mínimo de internação a que ele estará submetido é de uma semana.

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Agressor estava no meio da multidão

Constança Rezende

07/09/2018

 

 

 

 Recorte capturado
 

Carregado nos ombros por simpatizantes, Jair Bolsonaro (PSL) participava de uma caminhada pelas ruas do centro de Juiz de Fora (MG) quando foi esfaqueado por Adelio Bispo de Oliveira – no momento do ataque, o candidato vestia uma camisa amarela com os dizeres “Meu Partido é o Brasil”, com uma silhueta que lembra o escudo da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Bolsonaro cumpria agenda em um dos principais endereços da cidade, no calçadão da Rua Halfeld, local exclusivo para pedestres. O candidato seguia o script de suas agendas de rua: caminhadas no meio dos apoiadores, selfies e interação com crianças e adolescentes simulando armas com as mãos.

Em meio à multidão, Adelio Bispo de Oliveira sacou a faca e rapidamente atingiu o presidenciável. Com uma expressão de surpresa e dor, Bolsonaro se inclinou para trás e foi amparado.

Algumas pessoas, inicialmente, não perceberam o que acontecia. Mas policiais federais socorreram o candidato. Um deles cobriu o ferimento com um pano na tentativa de estancar a hemorragia. Bolsonaro foi rapidamente levado para o carro que o transportava, que logo seguiu para a Santa Casa de Misericórdia, o hospital mais próximo. O veículo saiu em alta velocidade. O segurança que o havia amparado ficou com a mão toda ensanguentada.

Quando os apoiadores do candidato se deram conta do que havia acontecido, tentaram linchar o agressor. “Mata, mata, mata”, gritaram. Oliveira foi cercado e levou socos e pontapés. Ele precisou ser abrigado em uma loja do calçadão.

A Polícia Militar chegou ao local com dificuldade e precisou usar gás de pimenta para dispersar a multidão e para proteger Oliveira. Houve empurra-empurra e pessoas foram jogadas no chão durante a confusão. A PM não acompanhava o ato do candidato até então – Bolsonaro era escoltado pela Polícia Federal e estava cercado por seguranças voluntários.

‘A mando de Deus’. Oliveira, segundo os policiais militares que o prenderam, afirmou que planejou o ataque contra Bolsonaro. De acordo com o Boletim de Ocorrência (BO), ele disse que saiu de casa com a faca para atacar o candidato do PSL “no melhor momento que encontrasse”. O ataque, segundo ele, se deu “por motivos pessoais” que os policiais “não entenderiam”. Disse, conforme o BO, que agiu “a mando de Deus”.

A Polícia Civil de Minas informou que um “provável” segundo suspeito de participação no atentado contra Bolsonaro em Juiz de Fora foi detido. O suspeito, que não teve a identificação revelada, foi encaminhado à Polícia Federal em Juiz de Fora.

À espera de notícias sobre o estado de saúde de Bolsonaro, apoiadores do candidato se concentraram na porta da Santa Casa de Misericórdia da cidade assim que souberam que ele estava na unidade. Muitos usavam camisas pretas com a imagem do presidenciável e carregavam bandeiras do Brasil