O Estado de São Paulo, n. 45615, 07/09/2018. Política, p. A9

 

Campanhas mudam de tom após ataque

Vera Rosa

07/09/2018

 

 

Adversários de Bolsonaro cancelam agendas e evitam ataques na TV; Temer e Jungmann discutem reforçar segurança de candidatos

 

Reforço. Após ataque a Bolsonaro, Michel Temer se reuniu com o ministro da Segurança

O atentado contra Jair Bolsonaro levou outros presidenciáveis a anunciar mudanças nas campanhas. Geraldo Alckmin decidiu dar uma trégua nos ataques ao candidato do PSL. A 31 dias do 1.º turno da eleição, a ordem no comitê do tucano é condenar a violência sob qualquer hipótese e suspender a artilharia. Os candidatos – além de Alckmin, Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede), Guilherme Boulos (PSOL), Alvaro Dias (Podemos) e Fernando Haddad (PT) – também cancelaram agendas marcadas para ontem e hoje por causa do episódio.

Em conversas reservadas, dirigentes da campanha tucana afirmam que seria “totalmente inadequado” seguir com a mesma estratégia depois do ataque em Juiz de Fora. A avaliação da equipe é a de que a candidatura de Bolsonaro precisa ser tratada com muita cautela, de agora em diante, mesmo porque o episódio pode servir para que o deputado vire um “mártir” e se torne imbatível nas urnas.

Integrantes do núcleo político de Alckmin dizem, nos bastidores, que é hora de reposicionar a estratégia da campanha. Nos últimos dias, o ex-governador de São Paulo havia assumido a ofensiva contra o capitão reformado, que lidera as pesquisas de intenção de voto quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – preso e com a candidatura impugnada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – fica fora das simulações.

“A democracia não aceita isso (o ataque). É preciso que, para além da minha solidariedade humana, pessoal ao meu ilustre opositor, o deputado Jair Bolsonaro, as autoridades sejam rápidas e eficazes e exemplares na identificação dos responsáveis e na sua punição exemplar”, afirmou Ciro Gomes.

Para Marina, o episódio representa “um duplo atentado”: contra sua integridade física e contra a democracia. “Este atentado deve ser investigado e punido com todo rigor. A sociedade deve refutar energicamente qualquer uso da violência como manifestação política.

Segurança. O presidente Michel Temer classificou como lamentável o ataque ao candidato do PSL. Ainda ontem, ele se reuniu com o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, com quem discutiu medidas para reforçar a segurança dos candidatos. “É intolerável em um estado democrático de direito que não haja a possibilidade de uma campanha tranquila, em que as pessoas vão e apresentem seus projetos”, afirmou ele, ao participar de cerimônia de projeto voltado para populações da Amazônia.

 

‘Intolerável’

“É intolerável que não haja a possibilidade de uma campanha tranquila, em que as pessoas vão e apresentem seus projetos.”

Michel Temer​, PRESIDENTE