O globo, n. 31083, 13/09/2018. País, p. 7

 

Corregedor apura ação do MP durante campanha eleitoral

Gustavo Schmitt

13/09/2018

 

 

Atuação de promotores de SP será avaliada por Conselho do Ministério Público; Reclamação também tratava do caso de Beto Richa, mas caso não será investigado

O corregedor do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), Orlando Rochadel, abriu ontem uma reclamação disciplinar contra os promotores Wilson Coelho Tafner, Marcelo Mendroni e Ricardo Manoel Castro, que atuam no Ministério Público paulista e cujas investigações atingem os presidenciáveis Geraldo Alckmin (PSDB) e Fernando Haddad (PT).

O pedido foi feito por Luiz Fernando Bandeira de Mello, representante do Senado no Conselho Nacional do Ministério Público. Dentre os promotores alvos da reclamação, Mendroni é autor de ação criminal contra Haddad. Tafner atua em investigação contra o petista na esfera cível. Já Castro é o responsável pela ação de improbidade contra Alckmin.

Em memorando, Bandeira de Mello pediu à Corregedoria que verifique os casos de inquéritos instaurados nos últimos dois anos para saber se houve tentativa de “acelerar” ou “retardar” investigações que possam ter “impacto nas eleições”.

O conselheiro fez referência no documento aos casos específicos de ações impetradas contra Alckmin e Haddad. No documento, ele ainda citou a operação deflagrada na terça-feira, no Paraná, que levou à prisão o ex-governador Beto Richa, do PSDB. Contudo, os procuradores que investigam o tucano não serão alvo da apuração.

“Proponho que esta Corregedoria investigue a regular cronologia dos procedimentos preparatórios de tais ações (e se houve coincidência proposital com o calendário das eleições) e não o mérito das acusações contra os candidatos, já que essa análise é de competência exclusiva do Poder Judiciário”, diz Bandeira de Mello, em seu pedido ao corregedor.

A força-tarefa da Operação Lava-Jato do Paraná reagiu contra o que chamou de tentativa de “mordaça” de Bandeira de Mello.

Em nota, os procuradores da Lava-Jato afirmam que a sociedade precisa estar atenta ao “ao mau uso, ou o abuso, das medidas correicionais contra promotores e procuradores": "Nenhuma mordaça, rechaçada pelos brasileiros nas manifestações de rua de 2013, pode agora ser imposta por um órgão administrativo. Assim como nenhum advogado pode ser impedido de exercer plenamente a defesa de direitos de seu constituinte, o Ministério Público deve exercer sua atribuição sem amarras ou medo, pois é advogado da sociedade brasileira", afirmam os procuradores que atuam em Curitiba.