Título: Amorim disponibiliza documentos
Autor: Luiz, Edson
Fonte: Correio Braziliense, 05/06/2012, Política, p. 6
A Comissão da Verdade terá acesso a documentos dos centros de informações das Forças Armadas durante as investigações de transgressões dos direitos humanos, no período do regime militar.Ontem, o ministro da Defesa, Celso Amorim, esteve por uma hora reunido com integrantes do grupo, mas deu poucos detalhes do encontro. Ele admitiu que a pasta vai dar todo apoio aos trabalhos, conforme determina a lei. Os arquivos da área de inteligência da ditadura poderão revelar novos fatos, mas, segundo ele, muitos documentos já estão em poder do Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro e em Brasília. Amorim se encontrou com seis dos sete integrantes da Comissão da Verdade, que é coordenada pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Gilson Dipp. "Fui convidado e essa foi uma boa ocasião para reiterar a disposição do Ministério da Defesa em colaborar com a comissão", afirmou.
"É o último capítulo da história da abertura democrática no Brasil", disse ele, referindo-se ao papel do grupo que vai investigar crime ocorridos no regime militar.
Além dele, outros dois ministros—José Eduardo Cardozo, da Justiça, e Maria do Rosário, dos Direitos Humanos —estiveram na comissão, desde a sua instalação no mês passado.
O Ministro da Defesa se esquivou de falar sobre alguns temas, principalmente sobre os arquivos dos Centros de Informações do Exército (CIE), da Aeronáutica (Cisa) e da Marinha (Cenimar).
Diante da insistência dos repórteres, ele foi taxativo: "Em termos gerais, tudo estará aberto", garantiu.
Nos últimos anos, os três órgãos entregaram ao Arquivo Nacional cerca de 4,1 mil dossiês com informações da época, e muitas delas se tornaram públicas.
Porém, entre historiadores e especialistas, os acervos podem ser bem maiores.
Dos três centros de informações, o CIE é o que tem um maior volume de dados, seguido pelo Cisa— que no ano passado entregou uma série de documentos ao Arquivo Nacional—e depois pelo Cenimar.O órgão de inteligência da Marinha é considerado um dos mais misteriosos entre as Forças Armadas.
Há poucos detalhes sobre sua atuação durante o regime militar e o total de dossiês encontrados e entregues foi considerado pequeno em relação às outras armas.
Apesar de o ministro da Defesa não ter admitido que irá dar acesso especificamente aos centros de informações, fontes da pasta afirmam que isso será inevitável, pois são órgãos essenciais para a investigação da Comissão da Verdade. Nesses locais onde foram traçadas algumas ações de repressão. Todos eles tinham ligação com o extinto Serviço Nacional de Informações (SNI), o principal meio de espionagem do governo à época.