Título: Bolsas tem dia de alta
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Fonte: Correio Braziliense, 09/06/2012, Economia, p. 16

A perspectiva de uma saída rápida para os bancos espanhóis fez com que os principais mercados acionários do mundo encerrassem as negociações de ontem em alta. Os investidores voltaram aos pregões, confiantes de que os líderes europeus anunciarão neste fim de semana o socorro protelado por tanto tempo. O Ibovespa, que mede a lucratividade das ações mais negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo, subiu 0,51%, para os 54.429 pontos. Em Nova York, o Dow Jones avançou 0,75%. Já a Nasdaq, a bolsa de tecnologia, saltou 0,97%. Com isso, no acumulado da semana, os ganhos com ações chegaram a quase 4%.

"O que está guiando o mercado é a crença de que estamos em um estágio final para uma solução do problema espanhol. Eu não creio nisso, mas talvez haja esse pensamento por aí", disse o chefe de pesquisa de ações do Louis Capital, Robbert Van Batenburg. Apesar do ceticismo, o porta-voz da Comissão Europeia, Amadeu Altafaj, assegurou que, se a Espanha pedir ajuda para recapitalizar seus bancos, a Zona do Euro tem instrumentos prontos para agir. "Se tal pedido for feito, os instrumentos estão lá, prontos para serem usados", frisou.

Rebaixamento No entender do presidente do Banco Central da Espanha, Miguel Ángel Fernández Ordóñez, que está de saída do cargo, o governo espanhol deve agir rápido, pois o forte aumento do custo da dívida do país se tornou insustentável. "A prioridade deve ser restaurar a confiança perdida na economia, ao passo que elevar custos da dívida seria algo extremamente perigoso para o médio prazo", disse. Ordóñez, que tem sido culpado pelos problemas no sistema bancário, se defendeu. Ele disse que, embora erros tenham sido cometidos, as decisões sempre foram tomadas de maneira profissional.

Alvo principal da crise bancária da Espanha, o Bankia teve a classificação de risco reduzida pela agência Standard and Poor"s (S&P), de "B-" para "CCC-", ou seja, lixo. A instituição já recebeu 7 bilhões de euros do governo, mas ainda precisa de pelo menos 18 bilhões de euros para se manter de pé. Também a petrolífera Repsol foi rebaixada, mas pela Fitch. O rating da empresa cedeu de "BBB" para "BBB-", diante das dúvidas em relação ao recebimento de recursos da Argentina, que expropriou as operações da YPF naquele país. A Fitch acredita que a Repsol não vai receber nenhuma compensação em dinheiro.

» Reformulação dos bancos Os bancos precisam de uma reformulação radical para impulsionar a lucratividade em meio ao panorama de regulações mais rígidas e uma economia sombria. E eles esperam que seus clientes compartilhem parte de sua dor. Essa é a visão de profissionais do mercado financeiro, investidores e reguladores que se reúnem em Copenhague (Dinamarca), nesta semana, para avaliar quais adaptações serão necessárias para que os bancos adequem-se às novas regulações que exigem que eles guardem mais capital e que lidem com a intensificação da crise de dívida da Zona do Euro. "Não vamos desperdiçar uma boa crise. Os bancos realmente precisam tomar medidas bastante radicais", disse o presidente do Conselho de Administração do Allied Irish Banks e ex-profissional-sênior do HSBC, David Hodgkinson.