Título: Itamaraty revela preocupação
Autor: Craveiro, Rodrigo; Seixas, Maria Fernanda
Fonte: Correio Braziliense, 09/06/2012, Mundo, p. 22

Em nota oficial divulgada na noite de ontem pelo Itamaraty, o governo brasileiro afirmou ver com crescente preocupação a escalada da violência na Síria. "O Brasil repudiou de maneira veemente os atos de agressão contra dezenas de mulheres, homens e crianças em Houla, nos termos da declaração da Presidência do Conselho de Segurança das Nações Unidas, e considera extremamente graves as alegações de continuada violência contra a população civil síria", diz a nota.

Em debate informal da Assembleia Geral da ONU, na última quinta-feira, o governo brasileiro condenou, por meio de sua representante permanente da organização, Maria Luiza Ribeiro Viotti, o uso da força contra a população desarmada e instou o regime sírio, principal responsável pela integridade de seus cidadãos, a honrar seu compromisso com o Plano Annan — o plano de paz desenhado pelo enviado especial da Liga Árabe e das Nações Unidas, Kofi Annan — e criar as condições necessárias para que o esforço internacional de mediação prospere.

Ligação Por meio de um telefonema na última terça-feira, Annan e o chanceler Antonio Patriota concordaram com a necessidade de intensificação de mobilização diplomática internacional que vise a evitar a deflagração de um conflito civil. E defenderam uma solução negociada para a Síria, plenamente respaldada pelo sistema multilateral. "O Governo brasileiro insta o Governo sírio a cooperar com a Missão de Supervisão das Nações Unidas na Síria, integrada por observadores brasileiros, permitindo-lhe acesso irrestrito aos locais conflagrados por conflitos, conforme mandato do Conselho de Segurança da ONU, por meio das resoluções nº 2042 e nº 2043."

Patriota também transmitiu ao coordenador da Comissão Internacional de Inquérito para a Síria, Paulo Sérgio Pinheiro, apoio à condução de um "processo independente" de investigação dos crimes ocorridos em território sírio, de modo a identificar e a responsabilizar os culpados. Em 15 meses de levante, pelo menos 13 mil pessoas já morreram.