O Estado de São Paulo, n. 45667, 29/10/2018. Política, p. A27

 

Doria vence e mantém domínio do Psdb em SP

29/10/2018

 

 

Eleições 2018 São Paulo / Na eleição mais apertada do País, tucano chega a 51,7%, ante 48,3% de França

 

Vitória. João Doria discursa ao lado da mulher, Bia Doria, e do vice, Rodrigo Garcia

Na eleição estadual mais apertada do País, o ex-prefeito João Doria (PSDB), de 60 anos, foi eleito ontem governador de São Paulo. Com 51,7% dos votos válidos, o tucano derrotou o atual governador, Márcio França (PSB), e garantiu a hegemonia do PSDB no Estado, que já dura 24 anos – são sete eleições consecutivas. O pessebista obteve 48,3%.

Doria conseguiu superar a rejeição na capital provocada pela sua saída precoce da Prefeitura graças ao amplo apoio obtido nas cidades do interior com uma bem-sucedida estratégia de “nacionalizar” a disputa. O tucano colou sua imagem na de Jair Bolsonaro (PSL) durante todo o segundo turno e vinculou França ao PT para tirar vantagem do antipetismo no Estado. Na capital, Márcio França venceu com 58,1%.

A vitória de Doria sobre França também foi a mais apertada nas eleições ao governo de São Paulo em 28 anos. O tucano obteve uma vantagem de apenas 741 mil votos, menor do que o eleitorado de Campinas, e proporcionalmente semelhante à diferença obtida na eleição de 1990 pelo ex-governador Luiz Antonio Fleury (PMDB) contra Paulo Maluf (PDS).

Festa. Aos gritos de “Fora PT” e “João Trabalhador”, Doria foi recebido com festa na noite de ontem em um hotel na região central da capital, onde discursou ao lado da mulher, Bia Doria, do vice-governador eleito, Rodrigo Garcia (DEM), e de aliados políticos, como o ex-prefeito e ministro das Comunicações, Gilberto Kassab (PSD), “aliado de primeira hora”.

Ao contrário do que fez durante toda a campanha, quando abusou dos ataques a França e a Paulo Skaf (MDB), terceiro colocado na disputa, Doria adotou tom conciliatório e, mais uma vez, nacional (leia na pág. A28). “É hora de pacificar o Brasil. Não podemos de forma alguma iniciar o ano com o Brasil dividido. Temos de somar e agregar todos os brasileiros. Temos de ter desprendimento e grandeza para governar para todos”, disse o tucano.

Tanto Skaf quanto França ligaram para cumprimentar o governador eleito pela vitória. “Recebi dois telefonemas e atendi com dignidade pela grandeza do gesto. É assim que se faz política: com grandeza, não é com ódio, não é com separação, é somando forças”, afirmou.

 

França. Apesar de ter ficado atrás durante toda a campanha, o atual governador ganhou terreno na última semana e ameaçou seriamente a hegemonia tucana no Estado. Na véspera do pleito, os dois chegaram numericamente empatados (50% a 50%), segundo pesquisa Ibope/ Estado / TV Globo, o que empolgou a militância do PSB.

Ontem, França disse que saiu “vitorioso” das urnas, mesmo com a derrota, e que vai “fazer todo o esforço” para que Doria faça um “grande governo”. O governador disse ter desejado “toda sorte do mundo” ao ex-prefeito. “Sem gesto de rancor, sem torcer para dar errado”, completou França.