Título: Esperança com o vizinho
Autor: Favilla, Clara
Fonte: Correio Braziliense, 10/06/2012, Economia, p. 12

A decisão vizinha da Espanha de pedir socorro para salvar seus bancos foi recebida com alívio e euforia pelos portugueses. Não sem razão. Os espanhóis são os principais consumidores de produtos de Portugal. E também respondem pelo maior fluxo de turismo. Em crise, tanto os negócios entre as duas nações quanto as viagens de lazer começaram a minguar.

O resgate da Espanha, porém, não diminui a preocupação para este verão, quando comerciantes esperam por receitas extras. "Tudo dependerá do que acontecerá com o país vizinho, que, por razões internas e proximidade das eleições, demorou a fazer o acordo com o FMI, o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia", diz o proprietário do Aveiro Center, José Pires dos Santos, que viu sua receita minguar em 20% no primeiro semestre deste ano ante o mesmo período de 2011.

O empresário não esconde a decepção com a atual situação do país. Para ele, o dinheiro externo fácil que migrou para Portugal foi bem e mal aplicado. O que foi bem usado é visível nas autoestradas, na revitalização de museus e edifícios públicos e na construção e de terminais ferroviários. A parte mal aplicada é cristalina. sobretudo, nos estádios levantados para a Eurocopa de 2004, verdadeiros elefantes brancos quase às moscas. Em Aveiro, cidade perto do Porto, com 60 mil habitantes, foi construída uma arena com capacidade para 30 mil pessoas. A frequência média por jogo, nos últimos anos, não chega a 2 mil torcedores. (CF)