O globo, n. 31130, 30/10/2018. País, p. 11
Rio e Minas sedimentaram vitória de Bolsonaro
Igor Mello
30/10/2018
Nos dois estados, onde o PT perdeu 3,4 milhões de votos em relação a 2014, Bolsonaro obteve 4,8 milhões de eleitores a mais que o adversário. Mais de 40 milhões de brasileiros não foram às urnas ou optaram por votar em branco ou anular
O desempenho no Sudeste foi decisivo para a vitória de Jair Bolsonaro (PSL) na eleição presidencial contra o petista Fernando Haddad. Na região, o capitão da reserva abriu uma vantagem capaz de contrabalançar, com relativa folga, o domínio petista no Nordeste. Ao todo, teve 13,4 milhões de votos a mais que Haddad nos quatro estados.
A margem foi construída com a mudança expressiva nos mapas de votação em Minas Gerais e no Rio, segundo e terceiro maiores colégios eleitorais. Em 2014, Dilma Rousseff (PT) havia vencido Aécio Neves (PSDB). No domingo, Bolsonaro obteve 4,8 milhões de votos a mais que Haddad.
Em todo o Brasil, a diferença do presidente eleito para Fernando Haddad soma 10,7 milhões de votos. Isto significa que somente os eleitores de Rio e Minas garantiram a ele 45% desta diferença. No Rio, a tendência eleitoral se inverteu completamente. Se em 2014 o PT havia vencido em 51 dos 92 municípios — entre eles a capital e toda a Região Metropolitana, com exceção de Niterói —, desta vez Bolsonaro ficou à frente em 89 das 92 cidades fluminenses, construindo uma vantagem de 3 milhões de votos.
Apesar do avanço do PSL sobre redutos petistas em eleições anteriores, o cenário pouco mudou em relação ao primeiro turno. O vencedor mudou em apenas 246 cidades — em 103 deles havia dado Ciro Gomes (PDT) no primeiro turno.
A eleição também foi marcada pelo repúdio aos candidatos. Cerca de 7,43% dos eleitores anularam o voto, recorde histórico e quase três pontos acima de 2014.
Como Bolsonaro avançou sobre o PT