O globo, n. 31126, 26/10/2018. Economia, p. 21

 

Temer decide prosseguir com nomeações para a Caixa

Geralda Doca

Manoel Ventura

26/10/2018

 

 

Presidente ficou preocupado com o risco de eventuais sanções por parte do Ministério Público e preferiu dar continuidade à indicação de vice-presidentes

Preocupado com o risco de eventuais sanções por parte do Ministério Público, o presidente Michel Temer decidiu ontem dar continuidade às nomeações para quatro vice-presidências da Caixa Econômica Federal. Os executivos foram escolhidos em processo de recrutamento no mercado e dependem agora do aval do presidente e da homologação do Conselho de Administração do banco para que possam assumir os cargos. Temer também deu sinal verde para que a Caixa abra uma nova seleção a fim de escolher mais três diretores.

Havia uma pressão do núcleo da campanha do candidato do PSL, Jair Bolsonaro, favorito na corrida presidencial, para que Temer congelasse as nomeações para a Caixa e agências reguladoras, porque faltam praticamente dois meses para o fim do atual governo. Por esse raciocínio, caberia ao novo presidente preencher os cargos.

Maior transparência à Instituição

O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, afirmou, na quartafeira, que não via necessidade de indicar os nomes agora, porque os interinos que estão exercendo os cargos de vice-presidente estão prestando um bom serviço. No entanto, a Procuradoria-Geral da República no Distrito Federal começou a analisar a conduta de Temer, uma vez que o processo seletivo da Caixa passou por uma ampla reformulação para dar maior transparência à instituição.

Além disso, o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, falou pessoalmente com Temer ontem sobre a necessidade de dar prosseguimento às nomeações. A medida faz parte do processo de melhoria da governança da Caixa e redução de ingerência política no banco. Atende também ao novo estatuto da instituição, que foi adaptado à Lei das Estatais.

No fim do dia, Marun afirmou que Temer desistiu de congelaras nomeações depois da conversa com Gu ardia.

— A decisão foi destravar as nomeações que já estão selecionadas. A Caixa poderá abrir um novo processo seletivo para escolha de novos executivos, mas isso só será concretizado no novo governo —afirmou Marun.

Ao ser indagado sobre uma possível ação do Ministério Público contra Temer por prevaricação, caso ele suspendesse o processo de seleção, o ministro respondeu:

— Há uma enorme judicialização no serviço público. Fazer o quê?