Título: Prefeito reage a veto do PT
Autor: Valadares, João
Fonte: Correio Braziliense, 12/06/2012, Política, p. 5
João da Costa tenta reverter negativa do partido à reeleição no Recife e ameaça apoio ao candidato de Eduardo Campos
O prefeito do Recife, João da Costa (PT), impedido de se candidatar à reeleição após intervenção da Executiva Nacional do partido, que impôs o nome do senador Humberto Costa (PT-PE), jogou ontem todas as fichas na tentativa de melar a candidatura do correligionário. Ele encaminhou recurso ao Diretório Nacional alegando que não existe nenhum motivo factível para ser afastado do processo eleitoral, já que venceu as prévias da sigla disputada contra o deputado federal Maurício Rands (PT-PE).
A decisão de João da Costa fortalece a possibilidade de o governador Eduardo Campos (PSB) romper com Humberto Costa e lançar candidatura própria, uma vez que o senador demonstrou, até o momento, não ter conseguido unir a Frente Popular. A pacificação do partido, em guerra pública desde o início do ano, seria condição fundamental para o governador apoiar Humberto Costa.
Na noite de ontem, o prefeito esteve na casa de Eduardo e teria explicado que resistiria até o fim. Informações de bastidores apontam que João da Costa sinalizou que, caso sua tentativa de se candidatar à reeleição não prospere, ele daria um "apoio branco" ao candidato lançado por Eduardo. O senador Armando Monteiro (PTB-PE) também esteve na residência do governador. Um bloco do PSB bastante ligado ao governador defende que a sigla lance um nome.
Eduardo solicitou a realização de pesquisas internas para avaliar o desempenho dos candidatos. A expectativa é de que ele fale sobre o assunto na tarde de hoje, durante solenidade no Campo das Princesas. O nome mais cotado para encabeçar a candidatura seria o do ex-secretário das Cidades, Danilo Cabral (PSB). Ele, ao lado de outros três secretários, foi exonerado na semana passada justamente para ser uma opção eleitoral.
Nome imposto Ontem, em entrevista a uma rádio local, João da Costa, voltou a afirmar que a indicação do nome de Humberto Costa representa um ato de força. "Nós entendemos que até hoje não foi dado um motivo político que justificasse a gente aceitar essa decisão depois de ter participado de uma prévia, ter ganho, ela ter sido anulada, a própria executiva ter convocado outra prévia e, no meio do processo, simplesmente cancelar e tomar outra decisão quando havia um processo estatutário em andamento."
O senador Humberto Costa preferiu não comentar o recurso encaminhado ao Diretório Nacional pelo prefeito. Na semana passada, durante coletiva que oficializou seu nome como candidato do PT, o senador afirmou que a primeira liderança que procuraria seria o governador Eduardo Campos. Até o momento, os dois não tiveram nenhuma conversa. Eduardo tem evitado o encontro. Humberto também assegurou que, "quando a poeira baixar", sentaria para conversar com o prefeito João da Costa. O senador pernambucano comunicou que não trabalha com a hipótese de Eduardo não marchar com ele na eleição municipal.