Título: Santander rebaixado
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 12/06/2012, Economia, p. 10
A crise no sistema financeiro espanhol começa a fazer suas primeiras vítimas. Ontem, diante das incertezas acerca da ajuda de 100 bilhões de euros aos bancos da Espanha e das dúvidas quanto à liquidez do setor, a agência de classificação de risco Fitch rebaixou dois dos maiores bancos do país: o Santander e o BBVA. A nova nota das duas instituições passou para BBB+ com perspectiva negativa, ou seja, pode cair ainda mais. Ainda assim, a posição das duas companhias é melhor do que o da própria Espanha, que está classificada com a nota BBB e com indicativo de possíveis quedas futuras.
%u201CÉ algo excepcional que alguns bancos tenham uma nota superior à de seu país de origem%u201D, disse a agência em comunicado. A Fitch afirmou ainda que %u201Ca diversificação geográfica e um sólido resultado financeiro lhes permite combater os efeitos da recessão e enfatizou que em uma prova de resistência aplicada recentemente nos bancos espanhóis Santander e BBVA obtiveram melhor resultado que muitos outros bancos de porte médio e caixas de poupança%u201D. Mesmo com esse desempenho, o rebaixamento foi inevitável.
A Fitch explicou que a redução da nota das instituições é justificada pela recessão em que o país se encontra e pelo impacto disso sobre o faturamento desses bancos. Também pesou na decisão a estimativa de que ainda no próximo ano a economia espanhola permaneça na letargia e os bancos sem capacidade de retomar o ritmo de concessões de crédito. A agência de classificação financeira Standard and Poor%u2019s também se manifestou a respeito da ajuda dada à Espanha. Afirmou, ontem, que mantém sem alterações, em BBB+, a nota do país, mesmo com o recente anúncio de ajuda aos bancos. %u201CA quantidade que a Espanha está buscando (100 bilhões de euros) entra dentro das estimativas de necessidades de provisões calculadas pela SP%u2019s em dois cenários, um de base e outro mais tenso%u201D, observou a agência por meio de nota.
O belga Luc Coene, membro do conselho de governadores do Banco Central Europeu (BCE), tentou amenizar a situação dos bancos espanhóis e do país e disse que considera que o plano de resgate ao setor permite "isolar" o problema, já que contará com os "recursos necessários para mantê-lo sob controle". "O positivo é que agora existe um mecanismo que permite isolar o problema bancário espanhol, que era visto como um risco grave para a Zona do Euro", afirmou a autoridade máxima do Banco Nacional Belga (NB) em uma coletiva de imprensa. "Este risco está agora isolado e rodeado de recursos necessários para mantê-lo sob controle." (VM)