Título: Previsão de PIB menor
Autor: Cristino, Vânia
Fonte: Correio Braziliense, 12/06/2012, Economia, p. 12

Relatório Focus, do Banco Central, aponta que a atividade econômica segue em ritmo morno apesar de medidas de incentivo do governo

Não podia ser diferente. Depois que o próprio Banco Central (BC) foi surpreendido por um desempenho mais fraco da economia no primeiro trimestre do ano, os analistas do mercado financeiro jogaram para baixo a expectativa de crescimento da economia. Pela quinta vez consecutiva a variação do produto Interno Bruto (PIB) para 2012 despencou, desta vez para 2,53%, segundo o boletim Focus divulgado ontem. Há quatro semanas a projeção era de um PIB de 3,20% e na semana passada de 2,72%. A nova previsão coloca o PIB abaixo até mesmo da variação obtida no ano passado, que foi de 2,7%.

A principal causa do pessimismo dos analistas com a economia brasileira segue concentrada no setor industrial. Pela pesquisa Focus, a estimativa de crescimento do setor este ano caiu de 1,15% para 1%. Embora eles ainda trabalhem com uma projeção melhor para 2013, de 4,20%, essa expectativa vem se deteriorando nas últimas semanas. A estimativa anterior era de 4,25%. Segundo o economista Flávio Combat, da Corretora Concórdia, os efeitos dos estímulos monetários e creditícios introduzidos só devem ser sentidos a partir do terceiro trimestre. Por isso, mais pessimista que os analistas do Focus, Combat prevê uma taxa de crescimento do PIB de 2,2% este ano e de 4,4% para 2013.

Por outro lado, os analistas do mercado financeiro estão mais cautelosos com relação à queda da Selic do que os economistas. No relatório Focus, a taxa básica de juros da economia foi mantida em 8% para este ano pela quarta semana consecutiva. Se esse prognóstico se confirmar, haverá apenas mais um corte de 0,5 ponto percentual na reunião prevista para julho. Não é o que os economistas esperam. A maioria deles já trabalha com dois cortes seguidos de 0,5 ou um de 0,5 ponto percentual e outro de 0,25.

Com o nível de atividade mais fraco, a preocupação do mercado deixou de ser a inflação. Mais uma vez a expectativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) recuou no boletim Focus. Nesta semana, a queda foi de 5,15% para 5,03%. Há quatro semanas a estimativa para a inflação oficial era de 5,22%. Para 2013 a projeção manteve-se em 5,60% pela terceira semana seguida.

OCDE A aceleração moderada da atividade econômica no Brasil já foi, inclusive, captada pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). O relatório da organização se baseia em seu principal Indicador Composto (CLI, na sigla em inglês), que fornece uma medida da atividade econômica futura dos países.

Segundo o estudo, depois de uma queda, o índice brasileiro se recuperou nos últimos três meses, passando de 98 pontos em dezembro de 2011 para 99 pontos em abril desse ano. Estados Unidos e Japão também apresentam sinais de retomada de crescimento, assim como a França. Já Alemanha, Canadá e Reino Unido registram uma atividade econômica "ligeiramente abaixo de sua tendência a longo prazo".

A principal preocupação da organização, no entanto, é com as economias da China e da Índia, que apresentaram sinais claros de desaceleração.

» Sem fôlego O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) atingiu 0,43% na primeira semana de junho, encerrada no último dia 7. A taxa mostra uma queda de 0,09 ponto percentual sobre a apuração anterior, segundo levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV). Das sete capitais pesquisadas, apenas Brasília apresentou acréscimo, passando de 0,4% para 0,42%.