O globo, n. 31128, 28/10/2018. País, p. 6

 

Datafolha: mais de 90% dos eleitores estão convictos

Bernardo Mello

28/10/2018

 

 

Rejeição de candidatos teve variação pequena na última pesquisa

Os últimos levantamentos de Ibope e Datafolha antes do segundo turno da eleição presidencial, divulgados ontem à noite, indicam que a maioria dos eleitores que escolheram um ou outro candidato não cogitam uma mudança de voto de última hora. Ambos os institutos também apontam que Fernando Haddad (PT) segue com rejeição superior à de Jair Bolsonaro (PSL). De acordo com o Datafolha, 94% dos eleitores de Bolsonaro se dizem totalmente decididos. Entre os que votam no candidato do PT, o percentual é de 93%. No geral, 46% do eleitorado diz que votaria “com certeza” no candidato do PSL, e 38% fazem esta afirmação em relação a Haddad, segundo o Datafolha.

O Ibope, embora com números distintos, aponta uma diferença semelhante: 39% afirmam que “com certeza” votariam em Bolsonaro, contra 33% para Haddad. Em relação a eleitores que manifestaram voto em branco ou nulo (8%), o Datafolha aponta que 23% — quase um quarto — ainda cogitam mudar de ideia de última hora e votar em Bolsonaro ou em Haddad. Mesmo que todos decidissem votar no candidato do PT, o percentual seria insuficiente para que Bolsonaro fosse ultrapassado. Para vencer o segundo turno, Haddad precisa também conquistar eleitores que preferem, até aqui, o candidato do PSL. Haddad avançou nas intenções de voto em todas as regiões do Brasil, segundo o Datafolha, e manteve vantagem expressiva no Nordeste.

De acordo com o instituto, Bolsonaro perdeu mais votos entre os mais velhos, os mais ricos e entre os homens, enquanto Haddad vence entre eleitores menos escolarizados e mais pobres. —Bolsonaro vence entre os homens, enquanto há empate entre as mulheres. Haddad mantém vantagem no Nordeste, enquanto Bolsonaro vence em todas as outras. Creio que essa pesquisa resume bem o que foi o segundo turno em todos os segmentos —afirmou Mauro Paulino, diretor do Datafolha, em participação na “TV Folha”. As taxas de rejeição de Bolsonaro e Haddad pouco mudaram nos últimos levantamentos.

No Ibope, Haddad teve a maior variação em sua rejeição, que subiu três pontos e chegou a 44%. No mesmo levantamento, a rejeição a Bolsonaro oscilou um ponto para baixo e ficou em 39%. No Datafolha, a rejeição a Haddad seguiu estagnada em 52%, enquanto a de Bolsonaro oscilou um ponto para cima e chegou a 45%. De acordo com o Ibope, Haddad supera Bolsonaro entre as mulheres, com 52% dos votos válidos contra 48% para Bolsonaro.

Entre os homens, segundo o instituto, a situação se inverte: Bolsonaro aparece com 59% dos votos, contra 41% para Haddad. Bolsonaro supera o adversário em todas as regiões, com exceção do Nordeste. No Sudeste, área mais populosa o candidato do PSL tem 60% contra 40% do adversário. No Sul, a vantagem de Bolsonaro é ainda maior: 66% contra 34% do petista. No Norte e Centro Oeste, a vantagem é de 56% a 44%. Já no Nordeste, Haddad alcança 65%, enquanto o adversário tem 35%.

Nos recortes por renda, a clivagem é clara: Bolsonaro vence entre os mais ricos e perde na faixa mais pobre do eleitorado. No grupo que recebe mais de cinco salários, a vantagem de Bolsonaro é a mais expressiva: 68% a 32%. Na faixa que ganha entre dois e cinco salários, o capitão da reserva vence o petista por 62% a 38%. Há um empate no grupo que recebe de um a dois salários: 50% para cada candidato. Já entre os eleitores que ganham até um salário mínimo, Haddad supera o adversário por 64% a 36%.