Título: Bate-boca entre PT e PSDB
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Fonte: Correio Braziliense, 13/06/2012, Política, p. 2

Mais uma vez, a sessão da CPI, que deveria ser focada em questionamentos importantes para a investigação da organização criminosa, transformou-se numa arena de briga partidária. Muito bate-boca, baixaria e nenhum resultado concreto. No ringue, os adversários de sempre: PT x PSDB. O depoimento seguia morno, com o PT bastante tímido nos questionamentos, até que o deputado Odair Cunha (PT-MG), relator da comissão, perguntou se Perillo aceitaria abrir o seu sigilo telefônico e dos SMS (torpedos). Acendeu o pavio.

Integrantes da oposição iniciaram uma gritaria. Batendo na bancada de madeira do plenário, cobraram respeito ao governador e lembraram que ele estava depondo como testemunha. "Isso é um absurdo. Respeitem o governador", gritou o líder do PSDB na Câmara, deputado Bruno Araújo (PSDB-PE). O deputado Jilmar Tato (PT-SP) rebateu no mesmo tom de voz. "Estão com medo. É só falar em quebrar o sigilo que começam a ficar desesperados." Ouviu do senador Mário Couto (PSDB-PA), que estava próximo, uma resposta ríspida. "Abra o seu sigilo. Você não tem cara que toparia abrir o sigilo." Quando os ânimos esfriaram, Perillo alegou que não abriria o sigilo porque caberia à CPI tomar essa decisão de maneira colegiada.

E o depoimento seguiu assim. Os integrantes da oposição faziam o papel de advogado do governador e cronometravam o tempo de fala dos governistas. Grande parte dos oposicionistas preferiu não fazer perguntas a Perillo. Utilizaram o tempo disponível para discursos elogiosos. Durante as seis primeiras horas, com exceção do governador, nenhum petista havia feito questionamentos. No entanto, após o acirramento dos ânimos, os governistas partiram para o ataque.

Gritaria Outro grande bate-boca foi iniciado quando o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) interrompeu a fala do senador Alvaro Dias (PR), líder do PSDB. A gritaria foi tamanha que era difícil entender alguma coisa. Com o dedo em riste, o senador Mário Couto se levantou e repetiu, aos gritos, "que era cabra macho." Luiz Sérgio mandou ele calar a boca.

No fim da sessão, a claque levada por Perillo entoou o grito de "Brasil pra frente, Marconi presidente". Hoje pela manhã, a CPI do Cachoeira vai ouvir o depoimento do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT-DF). Um dos principais pontos de questionamento da comissão deve ser a evolução patrimonial do governador.

"Estão com medo. É só falar em quebrar o sigilo que começam ficar desesperados" Jilmar Tatto (SP), líder do PT na Câmara

"Brasil pra frente, Marconi presidente" Coro entoado por simpatizantes do governador de Goiás, ao término do depoimento na CPI do Cachoeira