O globo, n.31112 , 12/10/2018. País, p.8

Após passar noite na cadeia, Marconi Perillo é solto

Mateus Coutinho
 
 
 

Ex-governador é acusado de receber propina da Odebrecht; tucano diz que empresa ofereceu doações por ‘convicções liberais’

 

Após prestar depoimento e passar a noite de quartafeira na sede da Superintendência da Polícia Federal (PF) em Goiânia, o ex-governador de Goiás Marconi Perillo (PSDB) foi solto ontem após decisão do desembargador Olindo Menezes, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). Perillo é investigado no âmbito da Operação Cash Delivery, que apura o pagamento de R$ 12 milhões de propina da Odebrecht para campanhas do tucano em 2010 e 2014.

A prisão do ex-governador foi pedida pelo Ministério Público Federal (MPF) com base, sobretudo, no fato de a PF ter encontrado R$ 940 mil na casa do policial militar Marcos Moura, que atuava como motorista de Jayme Rincon, ex-presidente da Agência Goiana de Transporte e Obras e ligado ao tucano. O dinheiro indicaria que o grupo que articulou o pagamento das propinas nas campanhas passadas segue atuando.

Também foi levado em conta no pedido de prisão o fato do cunhado de Perillo ter sido indicado ao Tribunal de Contas do Estado de Goiás após Perillo deixar o governo para se lançar candidato ao Senado nas eleições deste ano. Para os investigadores, isso reforça a influência do tucano.

Esses argumentos, porém, foram rejeitados pelo desembargador federal ao analisar o habeas corpus impetrado pela defesa do tucano.

Em depoimento, prestado na quarta-feira após ser preso pela PF, Perillo disse que só tratou de doações oficiais em suas conversas com executivos da Odebrecht em 2010 e 2014. Segundo ele, foi a própria empreiteira que teria lhe oferecido doações de campanha por suas “convicções liberais” e “propostas e conceitos favoráveis à livre iniciativa ”.

Para os investigadores, Perillo seria o líder do grupo criminoso que solicitou a propina de executivos da empreiteira e teria articulado a entrega dos valores em espécie por meio de seus operadores financeiros.