Título: Dilma sai em defesa de crédito e consumo
Autor: Mello, Alessandra
Fonte: Correio Braziliense, 13/06/2012, Economia, p. 12

Presidente rebate críticas às medidas de estímulo, garante que o Brasil vai superar a crise e volta a atacar juros A presidente Dilma Rousseff defendeu ontem, em Belo Horizonte (MG), as medidas de incentivo ao consumo e negou que as famílias brasileiras estejam em um patamar alto de endividamento. Em um discurso de cerca de 30 minutos, a presidente rebateu as críticas feitas por analistas e pela oposição contra a política de expansão do crédito que vem sendo adotada no Brasil e disse que esse é o melhor modelo para conter a crise mundial. Segundo ela, a tática adotada por alguns países da Europa de reduzir gastos e socorrer bancos, referência direta ao empréstimo anunciado neste fim de semana pela União Europeia para o setor bancário espanhol, é equivocada.

"Não concordo com a história de que não é preciso estimular o consumo. Esse estímulo é uma característica do nosso modelo de desenvolvimento com inclusão social. Estranho seria se um modelo que levou 16 milhões de brasileiros a ter um padrão mínimo de consumo e renda não quisesse agora a ampliação do consumo no país." Para ela, o Brasil tem um grande potencial de crescimento em função do momento que o Brasil vive, de transição para uma economia de classe média.

Um dos erros dos que apontam um alto endividamento das famílias brasileiras, na avaliação da presidente, é a inclusão nessa conta de despesas com o financiamento da casa própria. A presidente defendeu que isso tem de ser visto como investimento e não gasto. "É um equívoco absurdo considerar que o financiamento de moradia é consumo. O gasto de financiamento em moradia, os R$ 120 bilhões que o governo federal coloca no Minha Casa, Minha Vida, não pode ser considerado custeio, porque sem esses R$ 120 bilhões não teríamos essa explosão de criação de oportunidades de investimentos na construção civil que estamos tendo."

Dilma defendeu o subsídio do governo para o financiamento da casa própria e desafiou quem tenha a coragem, como antes, segundo ela, de criticar essa política. "O governo subsidia sim. Se antes, no passado, isso foi visto como algo incorreto, eu quero ver hoje quem defenda, num país como o nosso, que o acesso à casa própria de milhões de brasileiros que ganham até R$ 1.600, por exemplo, pode ser feito a preço de mercado, sem subsídio. Não pode e não será."

A presidente garantiu que o Brasil vai superar essa nova crise econômica porque tem "forças internas", diferentemente de outros países, e garantiu não haver risco de bolha. "Nós estamos muito bem fincados nos nossos próprios pés." Ela disse que o Brasil nunca vai adotar uma política de ajuste como a que vem sendo praticada na Europa e que tem como consequência o desemprego de cerca de 54% da população de jovens, como é o caso da Espanha.

Taxas Os juros foram outro alvo do discurso da presidente. Ela afirmou ser necessário reduzir o custo de capital no país e que isso significa mais cortes nas taxas. "Qual é a nossa diferença que explica —tecnicamente, não estou pedindo explicação política para isso — juros que não se compadecem com a qualidade da nossa situação econômica?", questionou. "Porque, além de termos a inflação sob controle, somos um país que fez o dever de casa e temos as finanças públicas sob controle."