Título: Técnicos aderem ao movimento grevista
Autor: Lins, Thalita
Fonte: Correio Braziliense, 11/06/2012, Cidades, p. 21

A partir de hoje, servidores que cumpremjornada de trabalho na biblioteca e nohospital universitário se juntam a alunose professores em paralisação nacional

Além dos professores e dos alunos da Universidade de Brasília (UnB), os servidores técnico-administrativos da instituição de ensino superior decidiram aderir ao movimento grevista por melhores condições na carreira. A partir de hoje, médicos, vigilantes, veterinários, bibliotecários e arquivologistas cruzarão os braços por tempo indeterminado. A paralisação atingirá aqueles que recorrem aos serviços de diversos setores, como os da Biblioteca Central, do Restaurante Universitário (RU) e do Hospital Universitário de Brasília (HUB). Os educadores da UnB estão em greve desde 21 de maio.

Os técnico-administrativos reivindicam piso de três salários mínimos, estepe de 5% (acréscimo de progressão de carreira), reposicionamento dos aposentados que não atingiram o nível máximo da carreira, realização de concursos públicos e equiparação do tíquete-alimentação, cujo valor atual é de R$ 304, com o Executivo federal. Amanhã, está marcado um protesto em frente ao HUB, a partir das 11h, na L2 Norte. Decidida durante assembleia em 31 de maio, a paralisação faz parte de um movimento nacional conduzido pela Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Públicas Brasileiras (Fasubra).

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília (Sintfub), 30% dos concursados atenderão à população durante o ato, o que respeita o limite estabelecido legalmente. O presidente da entidade, Mauro Mendes, garante que o movimento não prejudicará a população. "Não podemos de forma alguma fazer uma greve que venha a lesar as pessoas que necessitam de atendimento. Temos experimentos na universidade que não podem parar, por exemplo", explica. Segundo Mendes, os servidores tiveram o último aumento salarial em 2007. "O vencimento dos servidores de nível superior não chega a R$ 3 mil, enquanto que, para o médio, chega a R$ 1,8 mil", detalhou Mauro. Para ele, o baixo salário é o fator determinante para que muitos dos aprovados em concursos da instituição abandonem os cargos. "Os convocados chegam até a tomar posse, mas não ficam porque a remuneração não é atrativa", acredita. Há, atualmente 2.758 servidores ativos e cerca de 850 aposentados.

Representantes do Sintfub participaram de várias reuniões nos ministérios do Planejamento, Orçamento e Gestão e da Educação neste ano para tratar do assunto. O prazo estabelecido pelas pastas para apresentar propostas foi 31 de junho. No entanto, 20 dias antes, o governo federal instituiu a Medida Provisória nº 568, assinada pela presidente Dilma Rousseff. O texto reduz os salários dos médicos, uma das categorias que faz parte do sindicato, e o valor da insalubridade. "Depois desse anúncio, que limita o benefício para R$ 220 (antes, chegava a R$ 600), colocamos mais gasolina para a mobilização, prevista para ocorrer somente em junho, e foi antecipado", ressaltou. Representantes dos dois ministérios foram procurados ontem pela reportagem, mas, até o fechamento da edição, ninguém atendeu os telefonemas.