O globo, n. 31117, 17/10/2018. País, p. 9

 

PSL já trabalha para se tornar a maior bancada da Câmara

Eduardo Bresciani

Natália Portinari

17/10/2018

 

 

Partido de Bolsonaro tenta atrair deputados cujos partidos não alcançaram a cláusula de barreira; um dos objetivos é conquistar presidência da Casa

Acreditando na vitória de Jair Bolsonaro, o PSL trabalha para tentar virar a maior bancada da Câmara antes mesmo da posse dos novos congressistas, no dia 1º de fevereiro do ano que vem. A estratégia da legenda, que elegeu 52 deputados, é atrair parlamentares eleitos por partidos que não alcançaram a cláusula de barreira e ultrapassar o PT, que saiu das urnas com 56 cadeiras. A busca pela maior bancada visa também a disputa pela presidência da Câmara. Quem ocupa tal posto pode apelar à tradição para buscar o cargo, mas precisará de qualquer forma conquistá-lo pelo voto.

— Ainda não é possível estimar quantos filiados teremos no PSL, mas as articulações com os deputados eleitos estão acontecendo agora. Temos que ver quais partidos vão de fato cair com a cláusula de barreira. Oitenta deputados seria um número muito otimista — afirmou o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

Dos 513 novos deputados, 32 estão autorizados a trocar de partido por terem sido eleitos por nove legendas que não atingiram a cláusula de barreira. A aposta de apoiadores de Bolsonaro é que a atração poderia chegar a até dez desses parlamentares. As abordagens ainda são tímidas, para evitar o vazamento das negociações. Um deputado eleito pelo PSL disse, em privado, que a vitória de Bolsonaro trará “naturalmente” esses parlamentares para o “partido do governo”.

O primeiro movimento de migração já foi anunciado. Bia Kicis, eleita pelo PRP do Distrito Federal, participou na semana passada de ato de Bolsonaro com a bancada eleita do PSL. Ela destacou que só não aderiu antes ao partido do capitão da reserva porque houve um problema com a direção regional da legenda no DF. O problema já foi superado e a deputada eleita deve, inclusive, assumir o comando regional do PSL.

Centrão se moimenta

Entre os deputados que estão “livres” para a infidelidade, há alguns que já apoiam Bolsonaro desde o primeiro turno, casos de Pastor Eurico (Patriota-PE), Fernando Rodolfo (PHS-PE) e Pastor Gil (PMNMA). Os dirigentes do PSL, porém, são cautelosos e evitam revelar os nomes com os quais já teriam sido iniciadas as conversas.

O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), coordenador de campanha de Bolsonaro, anunciou na noite de ontem que a base do governo contará também com o apoio de ao menos oito parlamentares eleitos do Podemos, partido que lançou o senador Alvaro Dias (PR) à Presidência. Nos bastidores, a expectativa é que, agregando o apoio de pesselistas e aliados, seria possível lançar um candidato governista à presidência da Câmara dos Deputados, competindo com Rodrigo Maia (DEM-RJ), que deve tentar a reeleição ao posto pelo centrão.

O PSL não é o único partido que busca atrair deputados eleitos por siglas nanicas. Partidos do centrão fazem movimentação na mesma direção. Um dirigente do PR, por exemplo, acredita que a legenda possa conseguir saltar dos 33 deputados eleitos para 40. PP e PSD também já buscaram contatos para inflar suas bancadas.

Há movimentos semelhantes também pela esquerda, especialmente porque o PCdoB, que tem nove deputados, foi um dos partidos que não superou a cláusula. O PT resiste a fazer uma incorporação total da legenda que é sua aliada histórica, mas já sinaliza com a possibilidade de filiar alguns dos comunistas. O PSB também começou a procurar deputados do PCdoB com os quais julga ter mais identidade.

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TSE pede apuração de ameaça recebida por Rosa Weber

André de Souza

17/10/2018

 

 

Internauta disse à presidente do tribunal que haverá revolta popular se Bolsonaro perder

O Tribunal Superior Eleitoral ( TSE ) pediu que a Polícia Federal ( PF ) investigue ameaça recebida pela presidente da Corte, Rosa Weber. O autor da mensagem, enviada por meio de uma rede social, diz que o candidato a presidente Jair Bolson aro( PS L) já está eleito eque haverá revolta popular se o resultado for outro. E, direcionando-se a Rosa Weber, avisa: “Espero que a sra. fique de olho”. Depois acrescenta: “É só um aviso, com todo respeito.”

A ameaça foi revelada pelo jornal “Folha de S.Paulo” e confirmada pelo GLOBO. O texto ainda diz: “A senhora vai ver o povo na rua e os caminhoneiros parando este Brasil até que tenha novas eleições e com voto impresso.”

Bolsonaro, que está em primeiro nas pesquisas, já colocou em dúvida a segurança das urnas eletrônicas. No dia da votação no primeiro turno, eleitores dele relataram supostas fraudes em urnas.

O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, a quem a PF é subordinada, disse que ainda não houve tempo para identificar o autor da mensagem. E lese reuniu ontem com Rosa Weber para tratarda assinatura de uma orientação conjunta, compro cedimentos a serem seguidos pelos mesários, em caso de denúncias sob reas urnas no segundo turno, marca dopara o dia 28 de outubro. Anteontem Jungmann já tinha se reunido com Rosa para tratar de temas relacionados à eleição.

— O que eu sei é que ontem (anteontem), na reunião que tivemos, coma presença do diretor da Polícia Federal (Rogério Galloro) e do secretário nacional de Segurança Pública, brigadeiro (João Tadeu) Fiorentini, é que ela fez essa queixa informalmente e iria formalizar, eque a Polícia Federal imediatamente iria apurar—disseJu ng mann.

Em nota, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Claudio Lamachia, tachou as ameaças de “graves e preocupantes”.