Título: Pedidos ao STJ
Autor: Abreu, Diego
Fonte: Correio Braziliense, 14/06/2012, Política, p. 7
Um mês e meio depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizar o desmembramento das investigações que envolvem o bicheiro Carlinhos Cachoeira, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) a abertura de dois inquéritos contra o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e um contra o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Os casos estão sob segredo de Justiça.
De acordo com a assessoria de imprensa da Procuradoria-Geral da República (PGR), dois inquéritos se referem ao desmembramento das investigações da Operação Monte Carlo, autorizado em 23 de abril pelo ministro do STF Ricardo Lewandowski. As apurações referentes ao senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) continuam sob os cuidados do Supremo, embora os pedidos para investigar o tucano e o petista se encontrem no STJ por ser esse o foro para o processamento e o julgamento de governadores. O inquérito de Agnelo ainda não tem relator designado. Já o de Marconi foi distribuído para a ministra goiana Laurita Vaz.
Agnelo e Marconi prestaram depoimento nesta semana à CPI que investiga as relações de Cachoeira com empresários e políticos. Ambos negaram que tenham mantido relações com o bicheiro, que está preso desde 29 de fevereiro. Gurgel pretende investigar licitações vencidas pela empresa Delta no DF e em Goiás e, ainda, as suspeitas que recaem sobre a venda de uma casa do tucano, em Goiânia, que serviu de moradia para Cachoeira.
Em abril, após o STF desmembrar as investigações referentes à Operação Monte Carlo, o procurador-geral já havia adiantado que pediria formalmente ao STJ a abertura dos inquéritos contra os dois governadores.
Empréstimo O terceiro inquérito requisitado pela PGR diz respeito à atuação de Agnelo na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O governador do DF foi diretor da Anvisa entre outubro de 2007 e agosto de 2010. Recentemente, ele foi colocado sob a suspeita de ter liberado a documentação de um laboratório farmacêutico no mesmo dia em que recebeu um depósito de R$ 5 mil do lobista Daniel Tavares. Agnelo confirma ter recebido o valor, mas alega que se tratava do pagamento de um empréstimo que ele havia feito a Tavares.
Agnelo também respondeu a uma sindicância na Anvisa por ter concedido a autorização para funcionamento de uma importadora de medicamentos um ano depois de ter comprado uma casa. Nos dois casos, a Anvisa inocentou o petista.
Os pedidos de abertura de inquérito foram protocolados na terça-feira, mas divulgados somente ontem — Gurgel se encontrava afastado das atividades da PGR, uma vez que, na semana passada, quebrou o braço esquerdo em um acidente doméstico. Na terça, ele foi submetido a uma cirurgia, mas, antes de ser operado, assinou os ofícios. Gurgel deve retomar a rotina de trabalho ainda nesta semana. (DA)