O Estado de São Paulo, n. 45657, 19/10/2018. Política, p. A6

 

Liberado, Bolsonaro não vai a debates

19/10/2018

 

 

Eleições 2018 Campanha / Apesar da permissão dos médicos, campanha do presidenciável diz que ele já é conhecido do eleitor e não pode passar por estresse ‘sem motivo’

FABIO MOTTA/ESTADÃO - 17/10/2018

Campanha. Bolsonaro posa para foto em visita à sede da PF, no centro do Rio, anteontem

Apesar de ter sido liberado ontem pelos médicos, o candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) não deve participar de debates no segundo turno. O presidente do PSL, Gustavo Bebianno, afirmou que o capitão reformado não pode se submeter a situações de alto estresse, “sem nenhum motivo”.

“Quem discute com um poste é bêbado”, afirmou Bebianno, em referência ao candidato do PT ao Palácio do Planalto, Fernando Haddad. Para ele, a decisão não deve prejudicar a campanha, porque o eleitor “já conhece Bolsonaro”.

Ao Estado, o cirurgião Antonio Luiz Macedo, do Hospital Albert Einstein, disse que Bolsonaro poderia participar, se quisesse, de debates. “Não se pode esquecer que a colostomia é um fator limitante importante”, completou. Desde que foi operado pela primeira vez, em Juiz de Fora (MG), depois de levar uma facada, o candidato usa uma bolsa externa coletora de fezes. Ela só deve ser retirada, em uma nova cirurgia, em janeiro, após a posse do novo presidente.

No entanto, médicos especialistas sustentam que a bolsa não impede pacientes de trabalhar. Muitos, inclusive, dependendo da patologia, em que grande parte do intestino é retirada, precisam ficar com a bolsa de forma permanente.

Na manhã de ontem, Bolsonaro passou por uma avaliação médica de profissionais do Albert Einstein. A equipe o examinou em sua residência, em um condomínio na Barra da Tijuca. Em seguida, o hospital divulgou um boletim médico oficial no qual informou que o candidato do PSL apresentava “boa evolução clínica e a avaliação nutricional evidenciou melhora da composição corpórea, mas ainda exigindo suporte nutricional e fisioterapia”.

Para Bebianno, a ausência em debates “não é ruim”. “No primeiro turno, ele participou de vários debates, concedeu um sem número de entrevistas. O contato que ele estabelece é diretamente com o eleitor, como ele tem feito há quatro meses. Os eleitores já sabem em quem vão votar e o que significaria ter PT de volta”, afirmou.

O presidente do PSL disse ainda que o estado de saúde de Bolsonaro é “de absoluto desconforto”. “Como não há controle, aquela bolsinha (de colostomia) pode encher, estourar”, alegou.

Desde que foi atingido por uma facada durante uma agenda de campanha na rua, no dia 6 de setembro, em Juiz de Fora, e após passar por duas cirurgias, o candidato do PSL perdeu 15 quilos. Ele já recuperou boa parte de seu peso e, aos poucos, tem retomado compromissos. Na segunda-feira, Bolsonaro esteve na sede do Batalhão de Operações Especiais (Bope). Dois dias depois visitou a Arquidiocese do Rio e a Superintendência da Polícia Federal, também na capital fluminense.

Fake. Circula pelas redes sociais uma informação de que Bolsonaro estaria com câncer. A versão afirma que a facada sofrida pelo candidato em ato em Minas Gerais seria, na verdade, uma simulação.

A informação sobre a doença, segundo os médicos, é falsa. “Não tem câncer. No dia 12 de setembro abri amplamente o abdome e só tinha consequências da facada, mas não câncer”, afirmou Macedo, médico do presidenciável do PSL.

 

Evolução

“(Jair Bolsonaro tem) boa evolução clínica e a avaliação nutricional evidenciou melhora da composição corpórea, mas ainda exigindo suporte nutricional e fisioterapia.”

TRECHO DO BOLETIM DIVULGADO PELA EQUIPE MÉDICA