Título: Guerra nos bastidores
Autor: Correia, Karla; Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 18/06/2012, Política, p. 6

Polarizada entre o tucano José Serra e o petista Fernando Haddad, a disputa pela prefeitura de São Paulo encerra, em seus bastidores, uma guerra não menos acirrada. Será o quarto embate entre os marqueteiros Luiz González, que cuidará da imagem de Serra, e João Santana, que trabalhará com o petista. Enquanto nas pesquisas o novato Haddad sua a camisa para superar o favoritismo do veterano tucano, no ranking das campanhas Santana detém vantagem sobre González. Nas três vezes em que os dois se enfrentaram, Santana venceu duas — na reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência da República, em 2006, e em 2010, na vitória de Dilma Rousseff contra Serra. González se saiu melhor na contenda entre Gilberto Kassab e Marta Suplicy pela prefeitura de São Paulo, em 2008.

João Santana trabalha com o PT há 10 anos, mas conquistou a fatia nobre das campanhas em 2006, quando assumiu a campanha de Lula pela reeleição. González lida com candidatos tucanos há 18 anos. A longevidade das parcerias ressalta o peso que a atividade tem hoje nas disputas eleitorais. "O marquetólogo constrói a identidade entre a imagem do candidato e o que o eleitor espera dele", diz o especialista em marketing político Carlos Manhanelli.

A experiência de duas eleições nacionais fez a diferença na escolha de Santana para cuidar da imagem de Haddad, conta o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), um dos coordenadores da campanha do petista. "A campanha de São Paulo é muito nacionalizada, ele era a pessoa perfeita para a tarefa", diz. Santana é conhecido por saber lidar com o lado emocional do eleitorado e, também, por ser mais agressivo. Nem sempre dá certo. Foi sob sua orientação que, em 2008, Marta Suplicy gravou o programa em que questionava se o então candidato do DEM à prefeitura de São Paulo, Gilberto Kassab, era casado.

Também foi dele a ideia de fazer, em 2000, Antonio Palocci assinar em cartório, em plena disputa pela prefeitura de Ribeirão Preto (SP), o compromisso de não deixar a prefeitura para se candidatar em 2002. Palocci acabou abandonando o cargo para ser ministro. González copiou o artifício em 2004, quando Serra também firmou compromisso de não deixar a prefeitura de São Paulo para se candidatar. O que fez em 2006, quando disputou o governo do estado. Ironicamente, o compromisso quebrado é um dos obstáculos que González terá de ajudar seu candidato a contornar este ano.

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Quantidade de campanhas eleitorais em que Luiz González e João Santana se enfrentaram