O globo, n. 31118, 18/10/2018. País, p. 4

 

Witzel está a 20 pontos à frente de Paes

Fernanda Krakovics

18/10/2018

 

 

Ex-prefeito tem rejeição de 48% dos eleitores do estado, contra 18% de ex-juiz

Na primeira pesquisa de intenção de voto realizada pelo Ibope no segundo turno da eleição para o governo do Rio, o candidato do PSC, o ex-juiz Wilson Witzel, aparece com 60% dos votos válidos, enquanto o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) tem 40%. Esse cenário não leva em consideração votos brancos, nulos e indecisos. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

O levantamento, divulgado ontem e contratado pelo GLOBO e pela TV Globo, aponta ainda que a rejeição ao ex-prefeito é maior do que o dobro da registrada pelo ex-juiz. Segundo o Ibope, 48% dizem não votar em Paes de jeito nenhum, e 18% assumem o mesmo posicionamento em relação a Witzel.

A diretora-executiva do Ibope, Márcia Cavallari, explica que os índices de rejeição variam, de acordo coma evolução da campanha.

— A rejeição não é fixa, muda de acordo com os fatos que estão acontecendo. Foi o caso de Bolsonaro. No primeiro turno, ele tinha patamar maisal t oder ejeição. Agora, éo mais baixo. A rejeição depende muito dos fatos que acontecerem até o fim da eleição — avalia Márcia Cavallari.

No último dia 7, Witzel conquistou 41% dos votos e Paes, 19%. O ex-juiz teve uma arrancadas urpreenden tenar et afinal do primeiro turno, após colar sua imagem nado presidenciável JairBol sonar o (PSL) e receber o apoio de um de seus filhos, o deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL).

Estreante na política, Witzel começou a campanha com 1% nas pesquisas. Aduas semanas do primeiro turno, aparecia com 4%. Na última sexta-feira, Jair Bolsonaro afirmou que ele e sua família ficarão neutros no segundo turno no Rio.

Na pesquisa divulgada ontem, ao se considerar os votos totais, Witzel tem 51% e Paes, 34%. Intenções de voto em branco e nulos somam 9%, enquanto 5% dos entrevistados disseram não saber ou não responderam em quem pretendem votar.

O levantamento mostra ainda que o voto no candidato do PSC está mais consolidado, com 56% dos entrevistados afirmando que sua decisão é definitiva e não mudaria de jeito nenhum . Esse percentual é de 45% no caso de Paes.

Já 17% dos que pretendem votar em Witzel dizem que, apesar dessa decisão ser “firme”, admitem que podem mudar no decorrer da campanha. Entre os eleitores do candidato do DEM, essa é a situação de 13%.

A pesquisa ouviu 1.512 eleitores fluminenses em 43 municípios, entre a última segunda-feira e ontem.

Homens preferem Witzel

O recorte por gênero mostra que Witzel é mais forte entre os homens (57%) do que entre as mulheres (46%). No caso de Paes, essa distribuição é mais equilibrada —ele tem 36%

de preferência entre o eleitorado feminino e 32% no masculino.

Após a divulgação dos números, Eduardo Paes gravou um vídeo para comentar o resultado. Ele sustenta que vem reduzindo a diferença para o líder.

—Posso afirmar que, no começo do segundo turno, era pelo menos o dobro

disso. Isso está mostrando que a população está começando a olhar e entender quem é esse personagem que as pessoas votaram sem saber quem é — disse o ex-prefeito.

Por meio da assessoria, Wilson Witzel afirmou que não comentaria o resultado da pesquisa Ibope para o governo do Rio.

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Candidato do PSC lidera em quase todos os segmentos pesquisados

18/10/2018

 

 

Índice de rejeição ao ex-prefeito é de 48%, contra 18% ao ex-juiz

A primeira pesquisa Ibope para o segundo turno da eleição ao governo do Rio apontou que o candidato do PSC, o ex-juiz Wilson Witzel, tem 60% dos votos válidos (excluídos nulos, em branco e indecisos), e o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM), 40%. Contratado pelo GLOBO e pela TV Globo, o levantamento mostra que a rejeição ao ex-prefeito, de 48%, é mais do que o dobro da registrada pelo ex-juiz. Witzel é mais forte entre os homens (57%) do que no eleitorado feminino (46%). Já Paes tem intenção de voto equilibrada entre homens (32%) e mulheres (36%). Ocandida todo P SC ao Rio, o ex-juizWilson Witzel, éomais citadona maioria dos estratos dapara o governo do Rio, considerando a regiãoidade, a renda e areli gião dos entrevistados. Seu percentual mais alto é atingido entre os evangélicos (65%). Também chega aos 60% entre os eleitores que têmrend afamiliar mensal dedo isa cinco salários mínimos. E chega a 58% das intenções de voto de quem cursou até o ensino médio (58%), levando em conta os votos totais.

Por idade, as maiores intenções de voto estão nas faixas que vão de 35 a 44 anos (57%) e nade 25 a 34 anos (55%).

Já as intenções de voto no candidato do DEM, o ex-prefeito Eduardo Paes, são mais altas entre os que declaram outra religião que não a católica ou a evangélica (44%) e entre os eleitores que moram na capital (39%). E ele se destaca tanto entre os mais ricos quanto entre os mais pobres: tem 39% entre os que possuem renda familiar de até um salário mínimo e o mesmo percentual entre os que superam cinco salários mínimos.

Enquanto Paes se destaca na capital, onde foi prefeito, o voto de Witzel é distribuído pelo estado. Ele tem 54% na periferia, 53% no interior e 48% na capital.

Assim como no recorte por renda, Paes também tem suas maiores intenções de voto nas extremidades da divisão por faixa etária: entre os mais jovens e os mais velhos. O exprefeito tem 37% entre os eleitores de 16 a 24 anos, e 35% na faixa acima de 55 anos.

Enquanto Witzel vai melhor entre os que cursaram o ensino médio, o candidato do DEM tem desempenho mais alto entre os que fizeram até a 4ª série do ensino fundamental, na faixa que vai da 5ª a 8ª série do ensino fundamental e entre os que têm nível superior. Nesses três segmentos, Paes apresenta 38%. Já entre os que têm o ensino médio, a preferência pelo ex-prefeito é de 28%.

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Restou a Paes tentar explorar o desconhecido

Berenice Seara

18/10/2018

 

 

Mais difícil que lançar luz sobre quem não tem passado é conviver com a sua trajetória

Quatro horas antes da divulgação da primeira pesquisa Ibope do segundo turno para o governo do estado, um dos comandantes do DEM no Rio traçava uma linha numérica para Eduardo Paes se manter no jogo. Se a diferença fosse de até 20 pontos percentuais, apostava, ainda era possível virar a partida que saiu das urnas, no dia 7, praticamente perdida.

Logo depois que o resultado veio a público —e deu justamente 60% a 40% para Wilson Witzel (PSC) —o próprio Paes gravou um vídeo para explicar o raciocínio nas redes sociais.

No segundo turno, disse, cada voto conquistado é um que o adversário perde —e, por isso, basta a ele crescer dez pontos até o dia 28.

Simples? Nem um pouco. O ex-prefeito baseia sua estratégia no desconhecimento do ex-juiz —um marinheiro de primeira viagem na política, que até duas semanas antes da eleição aparecia com apenas 4% nas pesquisas. E que, enquanto os os outros candidatos trocavam tiros e bombas, passava incólume e fechava o primeiro turno com 41% dos votos.

O levantamento divulgado ontem revela que 26% dos entrevistados admitem que não conhecem suficientemente o candidato do PSC. E que, por isso, não têm como dizer se votariam com certeza nele —ou não votariam de jeito algum. É nessa massa de eleitores que o candidato do DEM concentra a sua esperança para virar o placar para lá de adverso.

Só que, mais difícil que lançar luz sobre um candidato que não tem passado na política é se desvencilhar de sua própria vida pregressa. Nada menos que 48% dos entrevistados pelo Ibope disseram que não votariam em Paes de jeito algum.

O passado (recente) no MDB de Sérgio Cabral, Jorge Picciani e Luiz Fernando Pezão tem o seu preço.

E, claro, Witzel vai seguir no intuito de cobrá-lo a cada debate, a cada entrevista, a cada programa eleitoral na TV. A tática tem dado certo, e em time que está ganhando não se mexe.

Os últimos dias de campanha serão agressivos e, de certa forma, repetitivos. Uma infinidade de debates —quase que diários — com jogadas ensaiadas.

Paes afirma que ainda tem um repertório capaz de surpreender o adversário e promete fazer novas denúncias contra o ex-juiz. Além de tentar expor a sua falta de experiência com a gestão pública.

Witzel nem se preocupa com isso. Para ele, com tamanha diferença nas intenções de voto, basta administrar o resultado —e explorar a rejeição ao oponente.

Afinal, 56% dos que disseram ter a intenção de votar no ex-juiz juram que a decisão é definitiva. Quanto a Paes, 45% dos seus eleitores prometem permanecer fiéis no próximo dia 28, na alegria —ou na tristeza.