O globo, n. 31116, 16/10/2018. País, p. 7

 

Centrão articula reeleição de Maia para seguir no comando da Câmara

Natália Portinari

Leticia Fernandes

16/10/2018

 

 

Grupo, que elegeu 207 deputados, teme avanço do PSL de Bolsonaro, que formou segunda maior bancada e já projeta disputar presidência da Casa em fevereiro

Dono de 207 das 513 cadeiras do plenário da Câmara, o grupo de siglas do centrão — PP, PR, PSD, PRB, PTB, PROS, SD e PSC — articula a formação de uma frente partidária para se manter no comando da Mesa Diretora a partir de fevereiro de 2019, quando os novos deputados vão tomar posse e eleger o presidente da Casa, que terá mandato de dois anos. A pouco menos de duas semanas do segundo turno entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), as conversas foram antecipadas pelos caciques das legendas por causa do movimento de aliados do excapitão, que já manifestaram desejo de disputar o controle da Câmara.

Dispostos a impedir que os dois partidos que concorrem ao Palácio do Planalto ocupem postos de comando no Congresso, os líderes do centrão se articulam para apoiar a reeleição do deputado Rodrigo Maia (DEMRJ), presidente da Casa.

Com 56 deputados eleitos, o PT elegeu a maior bancada da Câmara, seguido pelo PSL, com 52. A expectativa dos dois partidos é de aumentar esses números agregando membros de partidos que não bateram a cláusula de barreira. Os dirigentes do Centrão afirmam que, independentemente do resultado do segundo turno, “não há hipótese” de o PSL ou do PT acumularem a Presidência da República e o comando da Câmara.

Ciro fechado com Maia

Presidente do PP, o senador Ciro Nogueira (PI), um dos poucos líderes do grupo que conseguiram se reeleger para o Senado, reiterou que o centrão está fechado com Rodrigo Maia. Ele rechaçou qualquer opção que venha dos partidos que disputam o Planalto.

— A Câmara com certeza vai optar por um nome que unifique a Casa, e o único nome viável hoje é o do Rodrigo Maia. A Câmara jamais vai optar por extremos, seja do PT ou do PSL — disse o senador ao GLOBO.

Um dos que já se colocaram na disputa é o deputado Capitão Augusto (PRSP), eleito pela segunda vez. Seu plano é assumir a Frente Parlamentar da Segurança, conhecida como a Bancada da Bala, e capitanear apoio das siglas de direita para presidir a Câmara. O fato de não ser do PSL seria um ponto positivo para manter a independência, disse Augusto.

— Conto com o apoio deles para termos um capitão na Presidência e outro na Câmara — afirmou o parlamentar eleito.

Augusto deve ter oposição de ao menos um membro do PSL, o Delegado Waldir, de Goiás, que se reelegeu pela primeira vez e declarou ter a intenção de concorrer ao comando da Casa.

— Se Bolsonaro não for eleito, eu não sou candidato. Mas, uma vez que a gente consiga a eleição, seria justo o partido ter também a presidência da Câmara.

"Tresloucadas"

As candidaturas de nomes avulsos, como a de Waldir e do o deputado eleito Kim Kataguiri (DEM-SP), são chamadas de “tresloucadas” pelas lideranças do centrão.

Ao GLOBO, Rodrigo Maia disse que não vai se pronunciar sobre o assunto até saber o resultado do segundo turno. O presidente do Democratas, ACM Neto, também diz que só vai debater sobre presidência da Câmara quando a eleição estiver resolvida. O deputado Paulo Pimenta, líder do PT na Câmara, afirma que o partido está guardando suas energias para tentar a vitória de Haddad no segundo turno.

“A Câmara com certeza vai optar por um nome que unifique a Casa, e o único nome viável hoje é o do Rodrigo Maia. A Câmara jamais vai optar por extremos”

Ciro Nogueira, senador e presidente nacional do PP

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Sem eleger o mínimo exigido, Rede, de Marina Silva, mira fusão com PV ou PPS

Jeferson Ribeiro

16/10/2018

 

 

A Rede Sustentabilidade, partido idealizado por Marina Silva e que obteve o registro em 2015, deve deixar de existir até o final do ano. Após não atingira cláusula de barreira e ficar sem fundo partidário e propaganda no rádio ena TV, integrantes da legenda conversam com PV e PPS mirando uma fusão nos próximos meses.

Uma decisão sobre qual o melhor caminho para afusão pode sair na hoje, quando Marinar eúneac omissão executiva para debatera questão.

— A ideia é concluir esse processo ainda neste ano para dar segurança aos nossos parlamentares — disse Laís Garcia, porta-voz da Rede.

Para passara cláusula de barreira, o partido precisaria eleger deputados federais empelo menos nove estados ou obter 1,5% dos votos para a Câmara, com um mínimo de 1% dos votos em nove estados. A Rede elegeu uma deputada, Joenia Wapichana, em Roraima, e não atingiu o mínimo de votos necessários para a Câmara.

Rede e PV já estiveram juntos no primeiro turno, quando Marina disputou a Presidência e teve pouco mais de um milhão de votos, impactando no mau desempenho do partido.

Há conversas também com o PPS. O presidente do partido, Roberto Freire, disse que ainda não falou diretamente com Marina, mas admitiu que integrantes das duas legendas têm discutido uma possível união.