Título: Rascunho ainda conflitante
Autor: Mascarenhas, Gabriel
Fonte: Correio Braziliense, 18/06/2012, Brasil, p. 8

A versão do documento final da Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Desenvolvimento Sustentável — Rio+20 apresentada pela delegação brasileira ontem não agradou a boa parte dos representantes dos 193 países membros da ONU que participam da conferência, dificultando ainda mais um consenso em torno das metas de sustentabilidade que deverão ser adotadas pelas nações. Ainda assim, os negociadores do Brasil esperam finalizar os trabalhos até hoje à noite, antes da chegada dos chefes de Estado ao Rio de Janeiro, marcada para a quarta-feira.

A avaliação é que o documento ficou menos audacioso do que se esperava. Ontem, porém, a porta-voz da ONU, Pragati Pascale, negou que a versão apresentada esteja aquém das expectativas. "O documento não está enfraquecido, mas, sim, consolidado", afirmou. O eventual descontentamento com a proposta da delegação brasileira, que assumiu a presidência das negociações no sábado, traria prejuízos à imagem da diplomacia nacional.

Um dos tópicos mais polêmicos do debate gira em torno do futuro do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Uma das possibilidades é que o Pnuma se torne uma agência com mais força e autonomia, nos moldes da Organização Mundial do Comércio (OMC). A proposta, no entanto, ainda não está fechada. "Posso dizer que o Pnuma não sairá dessa conferência da mesma maneira que entrou", adiantou o embaixador Luiz Alberto Figueiredo, chefe da delegação brasileira na Rio+20.

A boa notícia para o Brasil ontem veio da ONU. De acordo com um novo índice da entidade, o país ocupa a quinta colocação no ranking mundial de sustentabilidade, à frente de nações como Estados Unidos, Canadá e Austrália. A lista é encabeçada por China, Alemanha e França. (GM)