Título: BC projeta PIB menor
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Fonte: Correio Braziliense, 19/06/2012, Economia, p. 10

O Banco Central deverá reduzir a sua estimativa de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, dos atuais 3,5% para algo entre 2,5% e 3% — o anúncio oficial será feito no fim deste mês. Esse é o consenso entre os analistas, que ontem voltaram a mostrar pessimismo em relação ao desempenho econômico do país, ao reduzirem, pela sexta vez consecutiva, as projeções para a expansão da atividade. Em vez de 2,53%, agora eles apostam em um tímido salto de 2,30%. A tendência é de que esse número continue baixando nas próximas semanas, reflexo da desconfiança que está minando o PIB brasileiro, conforme alertou o presidente do BC, Alexandre Tombini, em entrevista ao Correio no último domingo.

Diante desse quadro desolador, os especialistas passaram a crer em cortes ainda mais acentuados da taxa básica de juros (Selic). Segundo a pesquisa realizada semanalmente pelo BC, o indicador, que está em 8,50%, deverá ceder mais uma pontos percentuais, para 7,5% ao ano. Até então, o consenso era de apenas um corte de 0,5 ponto da Selic, para 8%. "No geral, os dados se mostram comportados no tocante à inflação. E isso abre margem para a autoridade monetária focar, com mais tranquilidade, em outros aspectos da política econômica", disse André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.

Os analistas observam, contudo, que, em 2013, o quadro de preços da economia não será tão confortável para o BC como neste ano e a Selic terá de ser mais uma vez elevada, pelo menos 9% ao ano. As projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) estão em 5,54% para o próximo ano e em 5% para 2012. Em relação ao PIB, as previsões endossam o discurso governista e mostram que o Brasil só deverá acelerar no segundo semestre e, apenas em 2013, crescer mais próximo de seu potencial, ao redor de 4,5%.

No entender de Tombini, as medidas de estímulo dadas pelo governo à economia, incluindo o corte de quatro pontos percentuais na taxa de juros desde agosto do ano passado, devem demorar mais tempo que o normal para mostrar resultados. Motivo: tanto os consumidores quanto os empresários estão assustados com os problemas da Europa e dos Estados Unidos. Segundo o presidente do BC, a crise internacional aumentou esse "tempo de transmissão" e o Brasil deve dar uma arrancada mais para o fim do ano. Até lá, os dados da indústria e do comércio continuam a rodar em ritmo aquém do ideal.