Título: Socorro ao FMI
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Fonte: Correio Braziliense, 20/06/2012, Economia, p. 12

O Brasil vai participar com US$ 10 bilhões do esforço dos países emergentes para aumentar a capacidade do Fundo Monetário Internacional (FMI) de emprestar a países em crise. A Rússia e a Índia seguiram o Brasil e contribuirão com a mesma a quantia. Entre os países do Brics, o bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, os chineses entrarão com a maior quantia, de US$ 43 bilhões, e a África do Sul, com a menor, de US$ 2 bilhões, dinheiro suficiente para deixar o bloco em uma posição mais forte para exigir reformas na governança econômica mundial.

Com a Europa imersa em uma crise sem trégua, quase um terço dos US$ 456 bilhões que o FMI obteve para seus fundos anticrise vieram de nações emergentes. E essa participação tende a crescer, dizem especialistas. Outros emergentes que aportaram recursos ao FMI foram Coreia do Sul (US$ 15 bilhões de dólares), México (10 bilhões de dólares), Turquia (5 bilhões) e Colômbia (1,5 bilhão). A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, agradeceu o apoio em comunicado.

Para o FMI, no entanto, esses aportes de nações que ainda não alcançaram o desenvolvimento econômico de seus pares europeus ou dos Estados Unidos, que governam o fundo, terão uma contrapartida já anunciada: um incremento da pressão para que seja alterada a distribuição do poder de voto no organismo, tal como foi acordado em 2010. Os porta-vozes dessa cruzada, as nações dos Brics, já anunciaram que seus compromissos estão condicionados a dois fatores. O principal deles é que o FMI seja reformado e que o fundo deverá utilizar primeiro o dinheiro do qual já dispõe antes de colocar em circulação qualquer aporte dos integrantes desse grupo.

"O principal fator é que as reformas de cotas no FMI sejam cumpridas de fato", disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega. "Cremos que há um atraso por parte do FMI e de alguns países europeus na concretização do acordo de 2010", concluiu.

Em novembro de 2010, o FMI aprovou uma reforma que aumentaria o poder de voto de vários países que fizeram aportes adicionais sobre seu capital no Fundo. Entre eles, figuram Brasil, Rússia, Índia e China.

Mantega insistiu não ser o novo aporte uma antecipação dos Brics a um possível agravamento da crise econômica mundial, mas admitiu ser esse mecanismo "uma nova bala na agulha". "Essa iniciativa vai no sentido do aumento da confiança, o elemento que se deteriorou nesta crise. Estabelecemos a solidariedade financeira entre nós (Brics)", afirmou.