O globo, n. 31108, 08/10/2018. País, p. 15

 

Renovação no Senado varre antigos medalhões

Maria Lima

André de Souza

08/10/2018

 

 

 Recorte capturado

Presidente do Congresso, Eunício Oliveira, e nomes que integravam a cúpula da Casa estão fora da próxima legislatura. Bancada do PT foi reduzida à metade, de 12 para seis parlamentares; a do PSDB caiu de 12 para oito

Os novatos vão dominar o Senado na próxima legislatura. Marcada pelos efeitos da Operação Lava-Jato e contrariando as previsões das pesquisas eleitorais, a disputa para as 54 vagas em jogo retirou da Casa grandes medalhões dos partidos tradicionais que tentaram se reeleger: 32 deles concorreram e 23 perderam, incluindo o presidente do Congresso, Eunício Oliveira (MDB-CE). A situação de Romero Jucá (MDBRR) seguia indefinida ate as 23h de ontem. Rostos como Leila do Vôlei (PSB-DF), Capitão Styvenson (Rede-RN), Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e Mara Gabrilli (PSDB-SP) vão dar lugar aos de caciques banidos pelas urnas.

Saíram derrotados nomes que integravam a cúpula do Senado, como o ex-presidente do MDB Valdir Raupp (RO); o vice-presidente da Casa, Cássio Cunha Lima (PB); o ex-vice-presidente da Casa Jorge Viana (PT-AC); o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ); Magno Malta (PR-ES), braço direito e quase vice de Jair Bolsonaro; o ex-presidente do Senado Edison Lobão( MD B) e João Alberto( MDB),dog rupo de José Sarneyn oM aranhão; assim como o ex-governador do Paraná Roberto Requião (MDB), que tinha o apoio do PT no Paraná; o ex-líder do PSD B Paulo Bau er( SC) eC rist ovam Buarque( P PS- DF ), candidato derrotado à Presidência da República em 2006.

Outra surpresa foi aboa performance dos candidatos ao Senado da Rede Sustentabilidade, de Marina Silva, cuja bancada crescerá de um para cinco senadores e deverá ter uma forte atuação de oposição. Se antes a única certeza era a reeleição de Rand olfe Rodrigues( A P ), a Rede também conseguiu a eleição de Fabiano Contarato (ES), Alessandro Vieira (SE), Capitão Styvenson (RN), e a volta do exsenador Flávio Arns (PR), que ocupa a vaga quase garantida de Roberto Requião (MDB).

Dos caciques da velha política, um dos sobrevivente sé o senador Renan Calheiros (MDB-AL), que brigará para presidir o Senado novamente. Desgastados pela Lava-jato, o ex-presidente do PSDB, Aécio Neves (PSDB-MG), e a presidente do PT, Gleisi Hoffman (PT-PR), buscaram mandatos na Câmara Federal.

Igualmente inesperada foi a derrota do presidente Eunício Oliveira, que fez uma aliança informal com o PT do governador Camilo Santana, mas foi isolado pelos irmãos Cide Ciro Gomes, doPDT. Cid, que foi eleito para o Senado, passou a apoiar o empresário Eduardo Girão( PROS ).

— Fiz campanha solitário. Não sou aliado do PT nem do PDT. Enfrentei um candidato a presidente, Ciro, contrário amim, e o irmão candidato a senador, Cid, que descarregou votos num tal de Girão para me derrotar. Minha aliança terminou sendo só com o povo — lamentou Eunício Oliveira.

Desfalque feminino

Abancada feminina fica desfalcada de lideranças, como Marta Suplicy (MDB-SP), que não disputou a reeleição, Vanessa Graziottin (PcdoBAM), Lúcia Vânia (PSB-GO), Lídice da Mata (PSB-BA) e das senadoras Ana Amélia (PP-RS), que tinha reeleição provável, mas foi candidata a vice na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB), e Kátia Abreu (PDT), vice derrotada na chapa de Ciro Gomes.

Abanca dado PT perde metade de seus representantes: cai de 12 para seis. Com o pior resultadona história do PSD B, o mau resultado do ex-governador Geraldo Alckmin se refletiu na votação dos candidatos do partido ao Senado. A bancada do PSDB no Senado cai de 12 para oito senadores.