O globo, n. 31108, 08/10/2018. País, p. 21
Por 70 mil votos, França vence Skaf e encara Doria
Gustavo Schmitt
08/10/2018
Na reta final, governador de São Paulo se apresentou como opção de voto útil para os indecisos, focando no eleitorado de centro-esquerda; vantagem sobre o terceiro colocado foi consolidada no fim da apuração
O segundo turno das eleições ao governo de São Paulo será disputado pelo tucano João Doria (PSDB) e o governador Marcio França (PSB). Na reta final da campanha no primeiro turno, o socialista desbancou o ex-presidente da Fiesp, Paulo Skaf, por pequena diferença de votos.
Doria ficou em primeiro na disputa, com 31, 77% dos votos. França e Skaf disputaram voto a voto, e o resultado terminou em 21,53% para França, e 21,09% para o emedebista. A diferença entre os dois era de cerca de 70 mil votos.
À noite, Doria fez questão de declarar apoio ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). França, por sua vez, visitou o tucano Geraldo Alckmin (PSDB).
Segundo turno acirrado
O resultado confirmou o crescimento apresentado pelo socialista nas pesquisas. França começou nas sondagens com 5% de intenções de voto e terminou com 16% no Datafolha. Na reta final, ele se apresentou como opção de voto útil para os eleitores indecisos, cujo índice nas sondagens chegava a 22%. Nessa etapa, o foco do socialista foi no eleitorado de centro-esquerda.
A tese da campanha de França era de poderia haver reviravoltas nos últimos dias, quando os eleitores começassem a prestar atenção nos candidatos locais. Com o apoio de 14 partidos em sua coligação, França conseguiu reverter seu desconhecimento na propaganda eleitoral na TV.
O petista Luiz Marinho, cuja candidatura foi centrada na defesa do ex-presidente Lula e nos ataques ao PSDB, acabou com 12%.
No segundo pelotão, ficaram embolados os candidatos Major Costa e Silva, do DC, com 3, 67%; Rogério Chequer (NOVO), 3,34%; Rodrigo Tavares, do PRTB, 3,18%; e professora Lisete, do PSOL, com 2,51%.
Doria chegou à frente no primeiro turno, mas a disputa ao segundo turno deve ser acirrada. As sondagens do Datafolha indicam empate entre o tucano e França com 41%. Ex-aliados até abril, quando Alckmin renunciou para disputar o Planalto e houve um racha na base local do governo, Doria e França se atacam mutuamente e assim devem continuar no segundo turno.
Doria tem concentrado seus ataques no anti-petismo, enquanto o socialista ataca o adversário por ter deixado o cargo de prefeito após um ano e três meses de governo. No rádio, sua campanha criou personagens de humor para ironizar o rival. O tucano é rejeitado por 53% da população da capital e 38% no estado.
Doria tem sido veemente ao contra-atacar. Ele apelidou o socialista de Márcio Cuba, para colar sua imagem na esquerda. Além disso, usou a imagem de França gordo na propaganda eleitoral, antes de sua cirurgia no estômago e exibiu fotos do governador ao lado do expresidente Lula.
Apoio a Bolsonaro
Em outro flanco, França e Doria também disputam o voto Bolsonarista. França prometeu liberar rifles para sargentos da polícia militar que fazem patrulhamento nas ruas. Doria afirmou que, caso seja eleito, a polícia vai atirar para matar.
Agora, no entanto, essa disputa deve se acirrar. Doria ontem deu o primeiro passo na aproximação com Bolsonaro e mirou seu discurso no eleitorado antipetista.
— Eu não sou presidente do partido (PSDB). Eu declaro meu apoio a Jair Bolsonaro. Para que não haja risco de o país cair na mão de uma quadrilha que roubou e que tem um ladrão como comandante —disse Doria.
Ao comemorar ontem sua chegada ao segundo turno, França disse que foi visitar o ex-governador Geraldo Alckmin, que Doria fez questão de esconder na campanha, e aproveitou para alfinetar o rival: — A gente não trai os amigos, discute ideias, não faz mal para as pessoas, não zomba, não brinca com os sentimentos —disse França.
Na disputa ao Senado, o deputado federal Major Olimpio, do PSL, foi eleito com 25,79% dos votos. A segunda vaga ficou com a deputada federal Mara Gabrilli, do PSDB, com 18,63%. Eles desbancaram o ex-senador Eduardo Suplicy, do PT, com 13,32%.
Na Assembleia, a candidata mais votada foi a advogada Janaína Paschoal, do PSL, também do partido de Bolsonaro.