O globo, n. 31108, 08/10/2018. País, p. 21

Dilma perde Senado; Novo vai ao 2º turno em Minas

Amanda Almeida

08/10/2018

Empresário enfrentará Antonio Anastasia, do PSDB, e pode ser o único govenador do partido; petista ficou em quarto lugar

A despeito do que previam as pesquisas, o candidato do Novo ao governo de Minas, Romeu Zema, ultrapassou Antonio Anastasia (PSDB) e deixou o governador Fernando Pimentel (PT) fora do segundo turno. Desconhecido antes das eleições, o empresário terminou o primeiro turno com quase 43% dos votos, numa campanha baseada em ataques aos“políticos tradicionais” e ao“inchaço da máquina pública ”. Para aliados de Anastasia e Pimentel, o“fenômeno” Z ema, único candidato do Novo que podes e eleger governador, é resultado do desgaste de PT e PSDB, que nacionalizaram a disputa no estado.

Coma derrota, o PT deixará o comando do segundo maior colégio eleitoral do país, após quebrara hegemonia de 16 anos do PSDB. Somou-se ao fracasso de Pimentel a derrota da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que era apontada como líder das pesquisas para o

Senado e acabou em quarto lugar. Pelo tamanho doe leitorado mineiro, o mau desempenho da dupla já preocupa a campanha de Fernando Haddad ( PT ), que ficarás em palanque no estado. Antes do fim da apuração, Pimentel cancelou a entrevista que daria na sede do PT em Belo Horizonte. Dilma também não foi.

A disparada de Zema assustou a campanha de Anastasia, que obteve 29% dos votos e preferia enfrentar Pimentel. A avaliação é que o tucano e o candidato do Novo dividem a simpatia do mesmo eleitor. Na reta final, ambos acenaram a Jair Bolsonaro (PSL). Zema disse, no debate da Rede Globo, na terça-feira, que quem quisesse “mudança” deveria votarem João A moê do( Novo) ou no capitão. Anastasia manteve o apoio a Geraldo Alckmin (PSDB), mas seu vice, Marcos Montes (PSD), falou em “dar as mãos” a Bolsonaro.

Em entrevista, Zema, que votou em sua terra, Araxá, no Triângulo Mineiro, e foi para BH no fim do dia, disse que o partido decidirá seu rumo nas eleições presidenciáveis nos próximos dias, mas reiterou que aposição será contra o PT.

—Os brasileiros estão cansados dos mesmos políticos e mesmas promessas. O PT não será capaz de resolver os problemas da cri seque eles mesmo causaram. Os próximos dias serão de muito diálogo, para construir uma solução responsável para o Brasil e para Minas Gerais —disse.

Formado em administração de empresas, Zema tem 53 anos e é um empresário bem sucedido. A família é dona de um grupo de lojas que tem como carros-chefes eletrodomésticos e móveis. Fundado em Araxá, o complexo tem 430 unidades em seis estados. Ao TSE, ele declarou bens no valor de R$ 69,7 milhões.

Segundo a Justiça eleitoral, Zema afirmou ter recebido R$ 686 mil para a campanha, a maior parte vinda do partido. Anastasia disse ter receita de R$ 11,2 milhões; e Pimentel declarou R$ 7 milhões.

Depois de Zema crescer nas pesquisas, sua campanha passou a nutrira esperança de ir para o segundo turno, mas o primeiro lugar surpreendeu. No improviso, arranjou-se um espaço maior para Zema ser recebido pelos filiados do Novo. Ele foi ovacionado por cerca de 300 pessoas quando chegou a um salão no bairro Cidade Jardim, aos gritos de “eu trabalhei de graça”, numa crítica às campanhas dos adversários.

Na entrevista, Zema prometeu escolher nomes técnicos para dirigir estatais, enxugar secretarias e renegociara dívida do estado coma União. Mas evitou falar em prazos:

—A situação do estado hoje é semelhante à de uma pessoa que ganha R$ 1 mil por mês e deve R$30 mil. Se ela falar que vai estar pagando as dívidas, colocando tudo em dia em dez meses, só se ganhar na loteria ou trabalhar 24 horas por dia e arrumar mais dois empregos.

Enquanto isso, na sede do PT, o clima era de velório. No meio da apuração, quando as derrotas de Dilma e Pimentel já eram certas, muitos choravam. Pimentel divulgou nota agradecendo os votos e afirmou:“No segundo turno, continuaremos defendendo que o amore a esperança vençamo ódio e a intolerância”.