Título: Procuradora intimidada
Autor: Jeronimo, Josie
Fonte: Correio Braziliense, 21/06/2012, Política, p. 8
Vítima de intimidações que teriam partido de um investigado pela Operação Monte Carlo, a procuradora da República Léa Batista foi questionada pelo réu por estar sendo "dura" na apuração das irregularidades cometidas pelo grupo do bicheiro Carlinhos Cachoeira. O Correio teve acesso ao e-mail enviado a Léa no último dia 13. Em tom ressentido, o autor do texto, que se identifica apenas como "injustiçado", afirma que parentes de Cachoeira continuam operando jogos ilegais e, ainda, que seu "trabalho lícito" foi quase liquidado. O autor diz que "talvez se apresente oportunamente em audiência".
"Quero dizer que foi dura comigo, por pouco não destruiu minha família. Meu trabalho lícito você quase o liquidou. Pois bem, me diga porque não pegaram quem ganha dinheiro com estas porcarias de jogos e afins? (...) e mais é bom que saibam Marco Antônio de Almeida Ramos e Paulo Roberto de Almeida Ramos juntamente com o filho Thiago Almeida Ramos estão operando máquinas e pontos, estão ganhando dinheiro (... ) Tudo bem, sei que vão saber quem sou (...)", escreveu o remetente do e-mail.
A mensagem foi enviada à procuradora no mesmo dia em que o juiz federal Paulo Augusto Moreira Lima pediu afastamento do processo, alegando ter sido vítima de ameaças veladas. O presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Alexandre Camanho, reagiu às intimidações sofridas por Léa e pediu, ontem, o engajamento do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) no caso para que o órgão tome medidas concretas de proteção e garantia de atuação segura à procuradora intimidada.
Procurado por Camanho, o corregedor do CNMP, Jeferson Coelho, colocou a corregedoria do conselho à disposição de Léa e dos demais membros do MP que atuam no processo. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou ontem que também ofereceu apoio à Léa e sinalizou que ela poderá dispor de escolta da Polícia Federal, caso avalie necessário. "Não tenho conhecimento do inteiro teor, mas o certo é que, em primeiro lugar, é preciso verificar especulações, às vezes insinuações que não têm a devida consistência. Mas é preciso levar muito a sério isso pela gravidade das condutas que a procuradora junto com outro colega de Goiás apura. O MP não pode correr o risco de ser surpreendido em razão de alguma ameaça", disse Gurgel.
"Quero dizer que foi dura comigo, por pouco não destruiu minha família. Meu trabalho lícito você quase o liquidou" Trecho de e-mail enviado à procuradora Léa Batista