Título: Magistrado extenuado
Autor: Jeronimo, Josie
Fonte: Correio Braziliense, 21/06/2012, Política, p. 8

Afastado desde o começo da semana do processo da Operação Monte Carlo, o juiz federal Paulo Augusto Moreira Lima contou à corregedora nacional de Justiça, Eliana Calmon, ter deixado o caso por estar "extenuado" e não por fragilidade ou covardia. Ele se reuniu ontem de manhã com Eliana, por mais de uma hora, e confirmou ter sofrido ameaças veladas.

"Ele disse que se sentia cansado, realmente extenuado e que gostaria de sair. No nosso entendimento, deixá-lo (no processo) depois que ele disse que está cansado, que já trabalhou por 16 meses no processo, seria até um ato de desumanidade. Ele sai não por fragilidade, não por covardia, não porque esteja com medo. Ele sai porque quer efetivamente descansar disso tudo", destacou a corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Para Eliana, o vazamento de informações relativas à Monte Carlo antes mesmo de a operação da Polícia Federal ter sido deflagrada, não prejudicou a investigação que, segundo ela, "foi um sucesso".

Além das ameaças que teriam sido feitas por policiais à família de Moreira Lima, a corregedora acrescenta que o juiz recebeu uma ligação de um carcereiro de presídio de segurança máxima, na qual houve referência a conversas de presidiários envolvendo o nome do magistrado.

Ao final da reunião, que contou também com a participação do juiz titular da 11ª Vara Criminal de Goiânia, Leão Aparecido Alves, que se declarou impedido de assumir o caso; do ex-corregedor do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), desembargador Cândido Ribeiro; e do presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Nino Toldo, Eliana afirmou que Moreira receberá proteção policial.

O presidente da Ajufe, por sua vez, alertou que o juiz continuará atuando em Goiânia, mas será transferido para a 12ª Vara de Execução Fiscal. Ele diz ter obtido da PF "o compromisso de que a PF estará 24 horas à disposição para a segurança do juiz".

Na avaliação de Cândido Ribeiro, a ação que tramita na Justiça Federal não será paralisada devido à substituição de juízes. "Esse processo vai ter um andamento célere, tem prioridade em relação a qualquer outro processo porque ele envolve réus presos", frisou. (DA)