Título: ONGs se revoltam
Autor: Mascarenhas, Gabriel
Fonte: Correio Braziliense, 21/06/2012, Brasil, p. 10

A insatisfação das lideranças da sociedade civil com o documento elaborado na Rio+20 migrou do discurso para a ação. A Climate Action Network International (rede de organizações não governamentais do meio ambiente) solicitou que fosse retirado do texto final o trecho "com plena participação da sociedade", contido no primeiro parágrafo. Representantes da sociedade civil, em sua maioria, consideraram o resultado das negociações fraco e sem objetividade, uma vez que não foram estipuladas metas de desenvolvimento sustentável.

Durante a abertura da sessão de alto nível da Rio+20, uma representante da entidade, Waek Hamidan, leu manifesto repudiando a inclusão do termo no documento, concluído durante a conferência e intitulado "O futuro que queremos". A medida tem apoio de mais de 1 mil ONGs de todo o mundo. "Vemos países usando a crise econômica como desculpa, enquanto gastam US$ 100 bilhões anuais com subsídios aos combustíveis fósseis, uma das indústrias mais lucrativas do mundo", diz a carta.

Na avaliação das ONGs, os compromissos assumidos pelos chefes de Estado estão muito distantes da urgência que envolve alguns dos temas ambientais. "Nossas sugestões não foram levadas em consideração. Tivemos acesso aos negociadores, foram feitas rodas de debates com a sociedade civil, houve um processo inclusivo, com a participação da sociedade civil, mas que não teve resultado, que terminou sem as respostas que gostaríamos. Melhor do que retirar esse trecho, seria os negociadores reavaliarem o documento e atenderem a pelo menos parte das demandas", argumentou o coordenador do Fundo Mundial para a Natureza (WWF) no Brasil, Carlos Rittl.

Dificilmente, as reivindicações das ONGs serão atendidas, considerando que os negociadores rechaçaram a possibilidade de haver alterações no texto, uma vez que é resultado de um acordo oficial firmado pelas 193 nações. (GM)