Título: Conservador chega ao poder na Grécia
Autor:
Fonte: Correio Braziliense, 21/06/2012, Economia, p. 13

Antonis Samaras, defensor do acordo para o resgate da dívida, tem o apoio dos socialistas e da esquerda moderada

O conservador Antonis Samaras, líder do partido Nova Democracia, foi designado ontem primeiro-ministro para formar um novo governo na Grécia, anunciou ontem o presidente Carolos Papulias. "Ordeno-lhe formar um governo e lhe desejo boa sorte, pois os problemas são numerosos e difíceis", declarou Papulias, depois de Samaras ter lhe informado que havia obtido apoio parlamentar dos partidos Pasok (socialista) e Dimar (esquerda democrática) para governar. Samaras, de 62 anos, dirige o Nova Democracia (NE), que venceu as eleições legislativas de domingo sem obter a maioria absoluta e na segunda-feira começou a rodada de negociações para formar um novo governo.

"Tenho a maioria parlamentar necessária para formar um governo de longa duração para garantir a estabilidade e a esperança", disse Samaras ao sair do encontro com o presidente grego. Uma hora antes, Evangelos Venizelos, líder do Pasok, havia revelado o fechamento do acordo político para formar um governo de coalizão.

Venizelos anunciou que o novo governo de coalizão conservador-socialista com apoio da esquerda democrática iria iniciar uma grande batalha na reunião de Bruxelas para suavizar o plano de austeridade. Nenhum partido obteve maioria em 6 de maio, o que levou à convocação de uma nova eleição, no domingo passado, na qual o ND obteve uma ligeira maioria sobre o partido esquerdista radical Syriza. "Estou totalmente ciente de como este momento é crítico para a nossa nação", disse Samaras após tomar posse, numa cerimônia conduzida por religiosos ortodoxos na mansão presidencial. "Sei muito bem que o povo grego está ferido e precisa recuperar sua dignidade. Sei que a economia precisa se recuperar rapidamente para restabelecer a coesão e justiça sociais."

O gabinete ainda não foi nomeado, mas Vassilis Rapanos, um tecnocrata com experiência bancária ligado aos socialistas, deve assumir a pasta das Finanças. Líderes partidários disseram que uma equipe será imediatamente formada para renegociar os termos do pacote internacional de US$ 130 bilhões, que tem como contrapartida a adoção de rigorosas medidas de austeridade. A Esquerda Democrática se negou a ocupar cargos ministeriais. "Será uma coalizão muito fraca", disse Nikos Konstandaras, editor-gerente do influente diário conservador Kathimerini, citando as várias décadas de inimizade entre o Pasok e o Nova Democracia.