O globo, n. 31105, 05/10/2018. País, p. 5

 

No último programa na televisão, críticas a fake news

Luisa Valle

05/10/2018

 

 

Bolsonaro se diz vítima de mentiras e perseguição, enquanto Haddad afirma ser alvo de jogo sujo; Alckmin continua com ataques e Ciro busca discurso de terceira via

Os candidatos à Presidência apostaram ontem no discurso de esperança frente à tensão política que tomou a campanha no último dia do horário eleitoral no rádio e na TV. Jair Bolsonaro (PSL) se disse vítima de “mentiras, calúnias e perseguição” e lembrou o ataque à faca sofrido em Juiz de Fora ( MG). Fernando Haddad (PT) ressaltou que é alvo de “jogo sujo”, citou Deus e apelou para a memória do legado do expresidente Lula, preso em Curitiba. Haddad fez pela primeira vez ataques ao presidenciável do PSL, seu principal adversário. Já Geraldo Alckmin (PSDB) falou sobre a propagação das fake news, e Ciro Gomes (PDT) disse ser a “terceira via”.

“Mentiras, calúnias, perseguição. Tentaram até tirar a vida dele. O sistema quer se manter no poder. Mas quem decide é o povo”, defendeu a campanha de Bolsonaro na televisão.

Haddad abordou sua experiência como ministro da Educação de Lula e como prefeito de São Paulo e saiu em defesa do PT. O candidato afirmou ser vítima de ataques na TV e no WhatsApp e fez críticas diretas a Bolsonaro. O programa mostrou os votos do candidato do PSL como deputado e pediu: “Não vote em quem não vota em você”.

—Agora nos atacam de todos os lados. Eles jogam sujo, mas, se Deus quiser, vamos ao segundo turno (...). É hora de levantar a cabeça e reconstruir nossa democracia elegendo diretamente um novo presidente —disse Haddad, que encerrou o discurso citando Deus.

Ciro no meio

Terceiro colocado nas pesquisas de intenções de voto, Ciro Gomes (PDT) reforçou que “entende” quem vota no PT para evitar Bolsonaro e vice-versa. Mas pediu o apoio dos eleitores para “unir o Brasil” e se apresentou como “terceira via”. O presidenciável do PDT mostrou os resultados das últimas pesquisas e disse que é o único que aparece no segundo turno com chances de vencer Bolsonaro:

— Não sou PT nem antiPT. As pesquisas mostram que eu sou o único que ganho com folga no segundo turno do Bolsonaro.

Já o candidato Geraldo Alckmin (PSDB) voltou a explorar as polêmicas da campanha de Bolsonaro. Na TV, ele chamou o líder das pesquisas de candidato das fake news. No rádio, o tucano alertou que, com a vitória do adversário, o 13º salário pode acabar e a CPMF pode voltar — referências a declarações do vice, general Hamilton Mourão, e do guru econômico do rival, Paulo Guedes, negadas posteriormente pelo militar. O tucano defendeu a união do país e reforçou o “#ElesNão”, numa alusão a Bolsonaro e Haddad.

Marina Silva (Rede) usou seus segundos para se apresentar como a candidata da “nova política para superar a velha briga”, enquanto o candidato Guilherme Boulos (PSOL) frisou que o primeiro turno é o momento de votar sem ódio e medo.; Henrique Meirelles, do MDB, citou sua experiência nos governos e afirmou ver esperança e medo no olhar do eleitor.