O globo, n. 31105, 05/10/2018. País, p. 7

 

Ciro abre ‘guerra eleitoral’ contra Haddad

Bela Megale

Bruno Góes

Catarina Alencastro

05/10/2018

 

 

Na reta final, candidato do PDT aposta no discurso de que é a opção à esquerda com mais chances de vencer presidenciável do PSL no segundo turno; petista prefere não rivalizar com possíveis aliados na próxima etapa

Na reta final da campanha, os candidatos Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT) disputam aposição de melhor antagonista de Jair Bolsonaro (PSL), que lidera a corrida presidencial. Coma adesão de artistas e mobilizações nas redes sociais pelo voto útil em favor de Ciro, a campanha dele ainda alimenta alguma esperança de chegara o segundo turno, embora as últimas pesquisas mantenham Haddad mais perto disso. Já nas simulações da segunda e tapada eleição, o pede ti stas e sai melhor que o petista no confronto com Bolsonaro.

O PT não pretende incentivar o dilema do se leitores à esquerda. O partido prefere dizer que não vê Ciro como antagonista eque a campanha não vai rivalizar com candidatos que podem ser aliados no segundo turno contra o candidato do PSL. A ordem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da cadeia, é manter o discurso para os mais pobres.

Já integrantes da campanha do PDT acreditam que a “guerra eleitoral” de Ciro agora é contra Haddad, para chegar ao segundo turno. Na tentativa de motivara militância, Ciro repete que a eleição ainda está indefinida porque cer cade um terço doe leitorado ainda não se decidiu, e só o fará no fim de semana.

Migração de artistas

No último programa de TV, ontem, Ciro reforçou sua vantagem contra Bolsonaro nas sondagens de segundo turno e pregou a união do país. Para os aliados do ex-governador do Ceará, dois fatores podem ajudar Ciro a conquistar indecisos:a adesão de artistas que antes apoiavam H ad da de uma repercussão positiva da participação do candidato no debate de ontem na TV Globo.

— (A adesão de artistas) é um movimento importante, de quem começa a ver que o Ciro é quem tem mais chances de ganhar do Bolsonaro. Ajuda porque são pessoas que têm penetração pública. Mas, além disso, tem uma onda forte acontecendo também na internet nos últimos dias. O Ciro está conseguindo se mostrar como uma alternativa consistente à polarização — diz Nelson Marconi, um dos responsáveis pelo programa de governo de Ciro.

No PT, que foi pego de surpresa pela subida de Bolsonaro, a preocupação é focar na agenda econômica. Lula teve conversas anteontem com coordenadores da campanha petista. A intenção é mostrar que o“pobres erá incluído no orçamento”. Haddad passou a atacar Bolsonaro, dizendo que ele quer “aprofundar os atrasos promovidos por (Michel) Temer”, como “cortar o 13º, o Bolsa Família e cobrar imposto dos mais pobres”. O plano é pregar que um governo Bolsonaro aumentará o desemprego. No Twitter, o PT divulgou um vídeo que até compara o capitão reformado a Hitler.

O PT resolveu antecipara estratégia de um eventual segundo turno e organiza uma campanha contra a disseminação de informações falsas no WhatsApp. Até domingo, o PT tentará adequar o discurso de Haddad para atenuar a acusação de extremismo de esquerda. A ideia é procurar mostrar que, caso ganhe, fará um pacto político e social diante do grave momento de crise.

Opinião do GLOBO - Indiscutível

Não há apenas argumentos jurídicos contrários à proposta do Partido dos Trabalhadores, de inspiração chavista, de uma Constituinte, sem que tenha havido uma ruptura institucional que a justifique. Seria para fazer mudanças estruturais, e perigosas, contornando o quórum qualificado corretamente exigido para emendas à Constituição.

O ministro Dias Toffoli, presidente do STF, e o colega Gilmar Mendes acrescentaram aspectos político institucionais: é a Carta de 1988, na mira de PT e aliados, que mantém o país estável, a salvo de golpes, e prova disso é o fato de terem havido dois impeachments sem uma vidraça quebrada. Evidências indiscutíveis.