Título: Haddad sem pressa
Autor:
Fonte: Correio Braziliense, 23/06/2012, Política, p. 8
A saída do PSB da chapa de Fernando Haddad (PT) na disputa pela prefeitura de São Paulo deu mais liberdade para que o pré-candidato petista participe ativamente das negociações políticas em torno do futuro parceiro nas eleições municipais de outubro. A aliança com o PSB, costurada durante cinco meses, foi conduzida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente da sigla socialista. Haddad foi mero espectador.
Ontem, entretanto, o ex-ministro da Educação deu sinais de que terá papel de protagonista a partir de agora. "Não escolheremos o nome do vice a toque de caixa", avisou o petista a seus aliados. Segundo interlocutores de Haddad, ele ainda tenta assimilar a saída de Luiza Erundina (PSB) da chapa, após o PP, de Paulo Maluf, formalizar apoio ao PT. O prazo final para o anúncio da aliança é o dia 30, quando o PT paulistano realizará sua convenção, ratificando a candidatura para a prefeitura de São Paulo.
A orientação do PT, agora, é priorizar o fechamento das alianças em vez de buscar desesperadamente o nome de um candidato a vice para a prefeitura. Três partidos estão sendo procurados pela cúpula petista: PCdoB, PTB e PDT, nessa ordem.
As conversas mais adiantadas envolvem os comunistas. Como antecipou o Correio, a direção nacional do PCdoB aceita conversar com o PT, desde que haja um sinal de reciprocidade em relação à candidatura de Manuela D"Ávila (PCdoB) à prefeitura de Porto Alegre. Pelas pesquisas recentes, a deputada federal lidera com certa folga a disputa, mas a oposição ao governo estadual — PSDB, DEM e PPS — já anunciou que apoiará a reeleição do atual prefeito, José Fortunati (PDT), o que reforça a polarização municipal.
O PT aceita conversar, mas alguns integrantes da direção da campanha de Haddad consideram difícil algum tipo de alteração em Porto Alegre, já que os petistas gaúchos definiram a pré-candidatura do deputado estadual Adão Villaverde. Dirigentes acreditam que o PCdoB está "fazendo doce" e que a situação se resolverá independentemente da situação na capital gaúcha. "As conversas estão bem adiantadas", confirmou ao Correio o presidente municipal do PT paulistano, vereador Antonio Donato.
As negociações com o PTB e o PDT são mais complexas. O presidente estadual do PTB paulista, deputado Campos Machado, ironizou ontem as especulações de que a legenda poderia aliar-se ao PT. "Ninguém acredita, mas D"Urso é candidato", afirmou, numa referência à candidatura de Luiz Flávio D"Urso, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo.
Na quinta-feira, D"Urso chegou a declarar que aceitaria ser vice de Haddad caso isso fosse uma deliberação partidária. E anunciou ter recebido um telefonema do deputado federal Paulo Maluf afirmando que o "PT veria com simpatia a aliança". "Apesar das várias ingerências de pessoas externas querendo nos sugerir nomes para a vice, o PT manterá o controle do processo", garantiu Donato. (PTL)
"Não escolheremos o nome do vice a toque de caixa" Fernando Haddad, pré-candidato do PT à prefeitura de São Paulo