O globo, n. 31104, 04/10/2018. País, p. 6

 

Bolsonaro vai a 32% e Haddad chega a 23% a quatro dias da eleição

Marcello Corrêa

04/10/2018

 

 

 Recorte capturado

 

 

Nova pesquisa do Ibope indica cenário de segundo turno entre o candidato do PSL e o petista na corrida presidencial

Os dois candidatos que lideram a corrida presidencial oscilaram para cima em nova pesquisa do Ibope, divulgada ontem, e ampliaram a distância dos outros concorrentes. Jair Bolsonaro (PSL) tem 32% das intenções de voto, um ponto percentual a maisque na sondagem anterior, divulgada na segunda-feira. Já Fernando Haddad (PT) avançou dois pontos e agora tem 23%. Os dois cresceram na margem de erro, de dois pontos percentuais par amais o upar amenos.

Ciro Gomes (PDT) se manteve na terceira posição, porém mais distante de Haddad. O ex-governador do Ceará oscilou de 11% para 10%. Assim, ele está 13 pontos atrás do petista.Na segunda-feira, essa diferença era de dez pontos e chegou a ser de oito em setembro, logo após a oficialização da candidatura de Haddad. Na sequência, aparecem Geraldo Alckmin (PSDB), com 7% (um ponto amenos ), e Marina Silva( Rede ), que mantém 4%.

Votos válidos

A quatro dias da eleição, o levantamento indica alta probabilidade de a definição fi carpara um segundo turno entre Haddad e Bolsonaro. Considerando apenas votos válidos, ou seja, excluindo brancos e nulos, o candidato do PSL tem 38% das intenções, contra 28% do petista. A disputa só é decidida no primeiro turno se um candidato conseguir 50% mais um dos votos válidos.

Nas simulações de segundo turno, há empate técnico entre Bolsonaro e Haddad, com pequena vantagem para o petista: 43% a 41%. Assim como no levantamento anterior, Ciro é o único que venceria Bolsonaro, com 46% dos votos contra 39% do ex-capitão. Na disputa entre o candidato do PSL e Alckmin, outro empate técnico: 40% e 41% respectivamente. Bolsonaro tem vantagem numérica sobre Marina, mas os dois estão empatados no limite da margem de erro: o ex-capitão tem 43% e a candidata da Rede, 39%.

Haddad e Bolsonaro continuamos mais rejeitados, embora as taxas tenham oscilado para baixo. Segundo a pesquisa, 42% dos eleitores não votariam em Bolsonaro de jeito nenhum, dois pontos amenos quena sondagem anterior. A rejeição de Haddad ficou em 37%, um ponto a menos na mesma comparação.

O Ibope ouviu 3.010 eleitores, em 209 municípios, entre segunda e terça-feira, após um fim de semana de manifestações contra e a favor de Bolsonaro em todo o país. Os dados confirmam a tendência da última pequisa Datafolha , realizada na terça-feira e divulgada no mesmo dia com Bolsonaro marcando 32% e Haddad, 21%.

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Wagner diz que Ciro seria candidato 'mais aguerrido'

04/10/2018

 

 

Ex-governador petista diz que foi ‘voto vencido’ no partido; campanha de Haddad já revê estratégias de olho no segundo turno

O ex-ministro e ex-governador da Bahia Jaques Wagner disse, na noite de anteontem, que o presidenciável do PDT, Ciro Gomes, poderia contemplar melhora expectativa dos eleitores nas eleições deste ano por ser “um cara mais aguerrido, mais intempestivo” para os que preferem um candidato com “um perfil retado, que bata na mesa”.

A declaração do petista, segundo o jornal “O Estado de S. Paulo ”, foi da danos bastidores do debate entre os candidatos a governa dorna TV Bahia, afilia dada TV Globo, em resposta a uma perguntas obre se o crescimento de Jair Bolsonaro (PSL) na corrida presidencial apontaria que Wagner estava certo ao se opor a uma candidatura própria do PT.

Antes de o partido indicar Fernando Haddad para substituir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, barrado pela Lei da Ficha Limpa, Wagner defendia que o melhor caminho seria apoiar um candidato de outra legenda. O ex-governador chegou a participar de uma articulação para ser vice de Ciro.

“Eu dei minha opinião, ela foi vencida. Acabou. Eu abracei a tese do time e estamos caminhando. Não dá para fazer especulação. Agora, evidentemente que o perfil do Ciro, por ser um cara mais aguerrido, mais intempestivo, pode ser que ele contemplasse mais essa expectativa (...) por um perfil retado, que bata na mesa”, afirmou, segundo o jornal.

Em maio, o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), defendeu que, caso Lula tivesse a candidatura barrada, o partido deveria promover um debate sobre o apoio a Ciro, que seria o candidato com mais condições de unir a esquerda. Hoje, nas simulações de segundo turno, o pedetista aparece com melhores chances de vencer Bolsonaro, embora esteja muito distante de Haddad para passar para a segunda etapa.

A declaração de Wagner surge em um momento em que a campanha de Haddad revê suas estratégias de olho no segundo turno da disputa presidencial. O comando da campanha petista deve passar por uma reformulação caso a passagem para a etapa final da eleição se confirme. O objetivo principal da mudança será dar mais peso político ao grupo e garantir agilidade para a tomada de decisões.

A avaliação de parte dos petistas hoje é que houve demora para iniciar a tentativa de desconstrução de Bolsonaro. Dirigentes do PT avaliam ainda que o mau desempenho de candidatos do partido aos governos estaduais no Sudeste está prejudicando Haddad na região. Os candidatos em São Paulo, Luiz Marinho, e no Rio, Marcia Tiburi, têm baixos índices de intenção de voto.

Já Fernando Pimentel, que disputa a reeleição em Minas, enfrenta turbulências na campanha por causa de problemas de sua gestão, como o parcelamento dos salários de servidores e denúncias de corrupção.

No segundo turno, Haddad deve contar com o auxílio, entre outros, de Rui Falcão, expresidente do partido, Márcio Macedo, um dos vice-presidentes da legenda, e José Guimarães, líder da oposição naCâmara.Otrionomomento disputa eleições para deputado em seus estados. Também são esperadas as participações de governadores que devem ser reeleitos no primeiro turno como Rui Costa (Bahia), Wellington Dias (Piauí), Flávio Dino (Maranhão) e Camilo Santana (Ceará).

Ofensiva conta Capitão

O PT iniciou ontem uma ofensiva contra Bolsonaro na TV. Em vídeo de 30 segundos, a campanha diz que Bolsonaro sempre votou contra os trabalhadores, mas aprovou aumento de seu próprio salário. Termina com a frase: “Bolsonaro não”. Até então, a campanha de Haddad na TV vinha sendo apenas propositiva. Hoje, o vídeo será exibido no último programa eleitoral junto com um discurso de Haddad sobre paz e esperança. No debate da TV Globo, o candidato petista também deve atacar o ex-capitão, com o foco em temas econômicos.